Criminosos estão explorando a confiança e a boa-fé de pessoas com 60 anos ou mais para aplicar golpes financeiros e de engenharia social. Usando táticas que envolvem o INSS, falsas centrais de banco ou pedidos de ajuda de supostos parentes, eles causam prejuízos emocionais e financeiros graves. Entender como eles agem é a principal ferramenta de proteção para esta população.
Por que pessoas com 60+ são o alvo principal?
Golpistas miram em pessoas com 60+ por uma combinação de fatores. Eles presumem que este público possui economias ou benefícios estáveis (como a aposentadoria do INSS) e, ao mesmo tempo, pode ter menos familiaridade com a velocidade de golpes digitais, como o Pix ou o WhatsApp.
As táticas de engenharia social exploram características comuns dessa geração, como a tendência a ser mais educado ao telefone e a confiar em supostas “figuras de autoridade”, como um falso gerente de banco ou um suposto funcionário público.
As principais vulnerabilidades exploradas pelos criminosos são:
- O medo de perder o benefício do INSS ou ter a aposentadoria bloqueada.
- A preocupação imediata com a segurança de um familiar (filho ou neto).
- O receio de ter a conta bancária invadida ou o dinheiro roubado.

Quais são as ‘iscas’ mais usadas contra aposentados?
O golpe da “revisão da aposentadoria” ou “prova de vida online” é extremamente comum. O criminoso liga fingindo ser do INSS e diz que o benefício será bloqueado se a vítima não “atualizar os dados” ou “fazer a prova de vida” clicando em um link ou fornecendo uma senha.
Outra fraude é a do empréstimo consignado falso. O golpista oferece um crédito com juros baixos ou a “portabilidade” da dívida, mas exige um pagamento Pix adiantado como “taxa de liberação de crédito”. Nenhuma instituição financeira séria pede taxa antecipada para liberar um empréstimo.
É fundamental saber que a prova de vida do INSS mudou e agora é feita majoritariamente por cruzamento de dados (como consultas no SUS ou vacinação). O órgão nunca entra em contato ativamente por WhatsApp ou SMS pedindo senhas ou fotos, e toda consulta deve partir do cidadão pelo app Meu INSS ou pelo portal oficial Gov.br.
Como funciona o golpe do “parente em apuros”?
Este é um golpe cruel que explora o laço afetivo. O criminoso liga para a vítima (geralmente na madrugada) ou manda mensagem no WhatsApp com um número desconhecido, fingindo ser um filho, neto ou sobrinho em uma emergência.
O golpista usa uma voz chorosa ou diz que o celular quebrou (por isso o número é diferente) e que precisa de um Pix urgente. As desculpas mais comuns são: o carro quebrou na estrada, sofreu um acidente ou foi detido em uma falsa blitz policial.
A pressão é emocional e imediata. O golpista implora “Mãe, me ajuda rápido!” e pede para a vítima não desligar, impedindo que ela ligue para o familiar verdadeiro e cheque a história. A vítima, no pânico, faz a transferência sem confirmar.
Leia também: Trabalhadores de carteira assinada que recebem PIS/Pasep precisam saber disso ainda em outubro
Quais sinais de alerta a família deve observar?

O principal sinal vermelho é qualquer pedido de dinheiro ou senha feito por telefone ou WhatsApp, não importa quem diga ser. Bancos e órgãos públicos como o INSS não operam dessa forma. A regra de ouro é: na dúvida, desligue.
Desconfie de qualquer história que envolva pressa (“tem que ser agora”, “o benefício vai ser bloqueado”) ou sigilo (“não conte para ninguém”). São as ferramentas clássicas da engenharia social para impedir que a vítima peça uma segunda opinião.
A tabela abaixo resume como identificar a manipulação do golpista em comparação com a realidade:
| O que o Golpista Diz (Sinal Vermelho) | O que Você Deve Fazer (Realidade) |
| “Sou do INSS, sua prova de vida vence hoje, clique no link.” | Desligue. A prova de vida é automática ou feita no app Meu INSS. |
| “Neto/Filho, sofri um acidente, preciso de um Pix urgente.” | Desligue e ligue você mesmo para o número original do seu familiar. |
| “Aqui é do banco, sua conta foi invadida, preciso da sua senha.” | Desligue. Ligue você mesmo para o número no verso do seu cartão. |
Fui vítima ou meu familiar foi, como agir?
Se a fraude acabou de ocorrer (especialmente um Pix), o primeiro passo é ligar imediatamente para o seu banco (ou o do seu familiar). Informe a fraude e solicite o MED (Mecanismo Especial de Devolução) para tentar bloquear os valores na conta do golpista.
Se senhas foram compartilhadas, acesse os aplicativos oficiais por um canal seguro e mude todas elas. Caso um familiar idoso tenha caído no golpe, ofereça apoio total e nunca culpe a vítima; a culpa é exclusivamente do criminoso e eles são especialistas em manipulação.
É obrigatório registrar a fraude legalmente para buscar o ressarcimento e ajudar nas investigações.
- Reúna todas as provas (prints das mensagens, números, comprovantes do Pix).
- Faça um Boletim de Ocorrência (B.O.) online. A maioria dos estados permite o registro de estelionato digitalmente, como na Delegacia Eletrônica da Polícia Civil.
- Se a fraude envolveu o nome do INSS, registre também uma denúncia na ouvidoria do Gov.br.









