A disputa tecnológica entre China e Estados Unidos tem um novo capítulo e, quem sai perdendo, agora, é a Apple. No que parece ser uma “vingança” pelas restrições dos EUA à Huawei, Pequim criou regras que restringem aplicativos de empresas americanas na China, o que prejudicou a Apple, gigante americana.
As ações da Apple na Nasdaq (bolsa nos EUA) caíram em 1% nos últimos cinco dias, com os papéis chegando a US$ 172,51. O índice Nasdaq Composite, no mesmo período, subiu quase 1%.
Entenda as regulamentações
As novas diretrizes, publicadas pelo Ministério da Informação de Pequim, proíbe aplicativos que se recusarem a compartilhar informações comerciais com o governo. A restrição não vale somente para dispositivos iOS, como também Android.
Além de compartilhar informações com o governo chinês, os desenvolvedores deverão ter uma empresa registrada na China ou trabalhar em conjunto de alguma desenvolvedora no país.
Os desenvolvedores de aplicativos possuem um período de carência válido até março de 2024 para se adaptarem às novas regras chinesas. Após o prazo, os apps sem registro adequados serão banidos da China.
Até agora, as gigantes chinesas Xiaomi e Huawei já se adaptaram às normas, além da coreana Samsung, que também adotou as regras.
Regras tornam o iPhone inútil na China
Após a reprovação da App Store pelo governo chinês, a “muralha” contra os aplicativos americanos faz com que os usuários de iPhone sejam diretamente impactados.
Conforme já noticiado pelo Monitor do Mercado, mesmo a China aplicando bloqueios às redes sociais americanas, quem usasse um celular com iOS conseguia uma brecha para baixar esses aplicativos. Isso porque os internautas burlaram a restrição por uso de uma Rede Privada Virtual (VPN, na sigla em inglês), que conectava o usuário como se estivesse em outro país.
A Apple tenta, nesta sexta-feira (29), procurar alguma alternativa para manter os iPhones no país. A equipe da gigante fundada por Steve Jobs tem se reunido com as autoridades chinesas nos últimos meses, buscando algum caminho para manter os celulares no país, sem ser prejudicada financeiramente pela China.
Caso lembra banimento da Huawei nos EUA
A gigante chinesa, Huawei, começou a ser boicotada pelo governo dos Estados Unidos em 2018. A decisão foi tomada pelo governo de Donald Trump e vale até hoje, sob o mandato de Joe Biden. O discurso é que a empresa seria uma “ameaça” à segurança do país, fazendo espionagem dos EUA para a China.
A Huawei foi proibida de receber peças e componentes de fornecedores americanos, o que fez com que a companhia perdesse mercado fora da China. Os smartphones da empresa não possuem, hoje em dia, serviços da Google. Ou seja: o usuário não pode acessar o Gmail, Google Drive ou até mesmo a Play Store — assim sendo obrigado a recorrer a métodos perigosos (com possíveis hackers) para baixarem aplicativos fora da loja própria de apps da Huawei.
Huawei x Apple
Vale lembrar que, no ano de 2019, antes do boicote do governo americano, a Huawei chegou a superar a Apple na venda de celulares.
“Se não fosse pela intervenção e repressão dos EUA, os principais fabricantes de telefones celulares do mundo poderiam ser a Huawei e a Apple. Não sou muito modesto, e esse poderia ser o resultado hoje”, disse Richard Yu, CEO da Huawei, durante participação em um fórum dedicado ao setor automotivo realizado na China, em 2022.
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