As ações da Hapvida (HAPV3) derretem quase 45% nesta quinta-feira (13), às 12h (horário de Brasília). Os resultados do terceiro trimestre, divulgados ontem (12), decepcionaram tanto o mercado como as projeções de bancos de investimentos.
A forte pressão fez os papéis entrarem em leilão três vezes — mecanismo utilizado para controlar variações expressivas no preço causadas por um volume anormal nas negociações — na B3, a Bolsa do Brasil, durante a sessão.
Em relatório, o Citi pontuou uma “grande decepção” com o Ebitda, KPIs operacionais mais fracos e fluxo de caixa negativo. O Ebitda ajustado foi “limpo”, diz o banco, mas ficou 29% abaixo das estimativas, com consumo de caixa recorrente de R$ 244 milhões.
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Já a receita líquida também ficou 3% abaixo das projeções, devido à desaceleração nas adições líquidas de beneficiários (12,6 mil contra estimativa de 44 mil) e à estabilidade do tíquete corporativo.
Os analistas também destacaram que o MLR (Medical Loss Ratio, indicador que mede a proporção da receita destinada a custos médicos) ficou 0,5 ponto percentual (p.p.) acima do esperado, impactado pelo maior uso per capita e pelos custos fixos das novas unidades.
Mesmo com o resultado fraco, o Citi manteve recomendação de compra para as ações da Hapvida, com preço-alvo de R$ 57, valorização de 74,4%.
Para o BTG Pactual, o trimestre foi “mais fraco que o esperado”, refletindo a sinistralidade médica elevada, fluxo de caixa livre reduzido e crescimento orgânico modesto. Isso elevou “significativamente a percepção de risco sobre o caso de investimento”.
O banco observou que o Ebitda ajustado caiu 20% na comparação anual, com impacto de 25% vindo da sinistralidade médica, 10% das despesas com vendas e 65% do aumento de despesas gerais e contingentes.
Analistas afirmaram que o resultado deve pressionar as expectativas de consenso para os próximos trimestres, levando o banco a revisar suas projeções de Ebitda para 2026 em -20%.
Apesar da revisão, o BTG manteve recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 50, potencial de alta de 52,9%.
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Por outro lado, José Martinho Neckel, head de renda variável da Wiser Investimentos, afirma que a queda não tem relação com piora no negócio, refletindo a um ajuste técnico, não uma quebra da empresa. “O negócio continua operando normalmente, com crescimento de receita, beneficiários e lucro”.
Ele defende que o movimento vem de ajustes contábeis e técnicos, após a Hapvida divulgar o resultado no padrão antigo (IFRS 4), enquanto a B3, a Bolsa do Brasil, e os fundos já trabalham com o padrão novo (IFRS 17). Dessa forma, muda:
- como a receita é reconhecida;
- como o lucro é distribuído;
- como sinistros impactam resultado;
- como a margem é calculada.
Neckel explica que isso gera descasamento entre o lucro divulgado e o lucro efetivo pela norma vigente.
Balanço da Hapvida
No terceiro trimestre, a operadora de saúde registrou lucro líquido de R$ 338 milhões no terceiro trimestre de 2025, alta de 4,1% em comparação ao mesmo período em 2024. A receita líquida da companhia somou R$ 7,8 bilhões entre julho e setembro, uma alta de 6% em relação ao mesmo período de 2024.
O Ebitda ajustado — lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização — totalizou R$ 746,4 milhões, representando queda de 2,1% na comparação anual.
O desempenho foi impactado pela maior frequência de utilização dos serviços de saúde, influenciada pela sazonalidade do inverno mais prolongado nas regiões Sul e Sudeste e pelo ramp-up (fase de expansão gradual de operação) das novas unidades da rede própria.
Esses efeitos, segundo a Hapvida, foram parcialmente compensados pelo aumento da receita, elevação do tíquete médio e controle de despesas.
A dívida líquida atingiu R$ 4,25 bilhões, 3,7% acima do valor registrado um ano antes. Com isso, a alavancagem financeira, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda, ficou em 1 vez, aumento de 0,01 ponto em relação ao terceiro trimestre de 2024.
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A sinistralidade caixa — indicador que mede o custo dos atendimentos em relação à receita — foi de 75,2%, alta de 1,3 ponto percentual ante o trimestre anterior. O aumento reflete tanto a maior demanda sazonal por serviços quanto o processo de expansão das novas unidades.
A base de clientes cresceu 12,6 mil beneficiários, totalizando 8,869 milhões de vidas. Deste total, 7,107 milhões pertencem ao segmento de planos de saúde e 74,9 mil ao segmento odontológico.
O tíquete médio — valor médio pago por beneficiário — subiu 6,1% na comparação anual, para R$ 292,70. A alta reflete os reajustes contratuais e um mix de produtos mais equilibrado.









