O mercado de câmbio doméstico enfrentou um dia de intensas oscilações nesta quarta-feira (27), impulsionado pela busca global pelo dólar e o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos. O dólar à vista, que já operava em alta pela manhã ao superar os R$ 5, ganhou ainda mais força, atingindo a marca de R$ 5,07 no final da tarde, alinhado às elevações nas taxas da T-note de 10 anos e do T-Bond de 30 anos.
Desdobramentos nos EUA e receios fiscais no Brasil
O temor de uma prolongada alta nas taxas de juros nos EUA, agravado por declarações contundentes de dirigentes do Federal Reserve e pelo aumento no preço do petróleo, somou-se a um cenário técnico de pressão nas taxas, destacando leilões robustos do Tesouro americano. Adicionalmente, a possibilidade de uma paralisação parcial do governo dos EUA gerou preocupações, apesar de um acordo no Senado pela manhã.
A liderança da Câmara de Representantes, Kevin McCarthy, ao manifestar falta de apoio à proposta, contribuiu para o azedamento do humor no mercado, acentuando a volatilidade.
Dólar renova máximas e real sofre
Com uma forte alta no meio da tarde, o dólar atingiu R$ 5,0795, perdendo um pouco de força nas últimas horas do pregão. Encerrou o dia com uma alta de 1,22%, cotado a R$ 5,0478, registrando o maior valor de fechamento desde 31 de maio (R$ 5,0730). Conforme o padrão em episódios de aversão ao risco, o real apresentou o pior desempenho entre as divisas emergentes e de países exportadores de commodities.
Movimentação no Mercado Futuro e Fluxo Cambial
O segmento futuro, com um volume de cerca de US$ 20 bilhões para o contrato de outubro, indicou mudanças significativas nos posicionamentos dos agentes, especialmente dos fundos locais. Estes, que mantêm uma posição favorável ao real, reduziram suas apostas “vendidas” em dólar em mais de US$ 1,380 bilhão.
Dados do fluxo cambial divulgados pelo Banco Central reforçam o quadro, evidenciando uma significativa saída de recursos do país neste mês. Na última semana, o saldo total foi negativo em US$ 3,646 bilhões, com retiradas líquidas de US$ 3,582 bilhões pelo canal financeiro. No acumulado do mês até o dia 22, o fluxo cambial total está negativo em US$ 4,795 bilhões.
Imagem: Piqsels