O mercado de trabalho brasileiro abriu 85.147 vagas com carteira assinada em outubro — pior desempenho para o mês desde 2019 —, segundo o Novo Caged divulgado pelo Ministério do Trabalho nesta quinta-feira (27).
O resultado veio abaixo da mediana das projeções, que apontava para a criação de 120 mil postos no mês. O saldo é a diferença entre 2.271.460 admissões e 2.186.313 desligamentos.
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Em setembro, haviam sido criadas 213.002 vagas, já com ajustes. Em relação a outubro de 2024, quando foram abertas 131.603 vagas, houve queda de 35,3%.
Criação de vagas menor no ano e desaceleração no trimestre
De janeiro a outubro, o mercado formal acumula saldo positivo de 1.800.650 vagas, número 15,3% inferior ao registrado no mesmo período de 2024. No acumulado de 12 meses, até outubro, foram geradas 1.351.832 vagas, queda de 24,8% em comparação ao período anterior.
Dos cinco grandes setores econômicos, apenas dois tiveram resultado positivo no mês:
- Serviços: +82.436
- Comércio: +25.592
Indústria (-10.092), agropecuária (-9.917) e construção (-2.875) registraram cortes.
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Estados com mais vagas
Em outubro, 21 das 27 unidades da federação criaram vagas formais. Os destaques foram:
- São Paulo: +18.456
- Distrito Federal: +15.467
- Pernambuco: +10.596
O salário médio real de admissão ficou em R$ 2.304,31, alta de 0,8% em relação a setembro e de 2,4% em comparação com outubro de 2024.
Ministro do Trabalho cobra corte de juros
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, atribuiu o resultado fraco ao custo elevado do crédito e defendeu que o Banco Central reduza a Selic, atualmente em 15%. Segundo ele, o patamar atual “inibe investimentos” e pode limitar a geração de empregos.
Marinho afirmou que vem alertando o BC desde maio sobre sinais de desaceleração econômica. Disse ainda que 2025 já está “dado”, mas que a autoridade monetária precisa definir diretrizes para 2026 para evitar riscos à atividade.
O ministro também destacou que o aumento real do salário mínimo e a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda devem ajudar a economia no próximo ano, mas reforçou que considera necessário um movimento do BC para reduzir os juros.
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Analistas veem acomodação do mercado de trabalho
Para André Valério, economista sênior do Inter, o número abaixo do esperado reflete o aumento das demissões, que já provoca alta nos pedidos de seguro-desemprego pelo terceiro mês seguido.
Valério destaca que apenas serviços e comércio criaram vagas, enquanto indústria e agro eliminaram cerca de 10 mil postos cada. Ele avalia que o mercado de trabalho está próximo do pico, com tendência de estabilidade na taxa de desocupação nos próximos meses.
Segundo o ASA Investments, o Caged mostrou criação de 52,8 mil vagas com ajuste sazonal em outubro, com desaceleração da média trimestral para 69 mil postos.
A XP calculou que o saldo dessazonalizado recuou de 112 mil vagas em setembro para 82 mil em outubro. Apesar do ritmo menor, o economista Rodolfo Margato avalia que o mercado formal segue robusto, com serviços liderando as contratações.
Margato destacou ainda a aceleração dos salários reais. O salário nominal de admissão avançou 7% em 12 meses, acima da média de 5,9% observada entre janeiro e setembro.









