Imagine entrar em um elevador e passar uma hora inteira descendo em direção ao centro da Terra. Essa é a rotina diária dos trabalhadores da mina mais profunda do mundo, um local onde as condições de trabalho desafiam os limites da fisiologia humana e da engenharia moderna.
Como é a descida até o fundo da Mponeng?
Localizada na África do Sul, a mina de Mponeng não é apenas uma gigante produtora de ouro, mas uma verdadeira cidade subterrânea que opera em condições extremas. Para alcançar os veios de metal precioso, é necessário perfurar a crosta terrestre até profundidades que fariam qualquer arranha-céu parecer uma miniatura.
Chegar ao fundo desta operação colossal não é uma tarefa simples ou rápida. A jornada para as áreas de extração ativas exige uma descida vertical de cerca de 4.000 metros, ou 4 quilômetros, a partir da superfície.
Para se ter uma ideia da escala, isso equivale a empilhar mais de dez edifícios Empire State um sobre o outro, mas para baixo. O trajeto no elevador principal leva cerca de uma hora, criando uma desconexão total com o mundo exterior e a luz solar.

O calor extremo desafia a sobrevivência humana
Ao atingir essas profundidades, o maior inimigo não é a escuridão, mas a temperatura da rocha. A geotermia natural faz com que as paredes de pedra alcancem impressionantes 60°C.
Essa temperatura é alta o suficiente para iniciar o processo de cozimento de um ovo apenas com o contato da rocha. Sem intervenção humana, a sobrevivência seria impossível em questão de minutos devido à hipertermia.
Para tornar o ambiente minimamente habitável, a mina utiliza um sistema de resfriamento massivo. Bombas industriais injetam continuamente uma mistura de gelo e água gelada (ice slurry) para baixar a temperatura do ar, permitindo que os mineradores operem sem colapsar.
No vídeo a seguir, do canal @CienciaTodoDia, é explicado um pouco mais sobre essa grandiosa mina:
A surpreendente escassez do ouro mundial
Todo esse esforço hercúleo na Mponeng é feito para extrair quantidades minúsculas de metal por tonelada de rocha. Isso levanta uma questão fascinante sobre a real quantidade de ouro que já foi extraída em toda a história da humanidade.
Ao contrário do que muitos imaginam, o volume total de ouro refinado até hoje é surpreendentemente pequeno. Especialistas apontam que todo o estoque global caberia em apenas cinco piscinas olímpicas.
Confira os dados que ilustram essa raridade:
- Todo o ouro do mundo formaria um cubo de apenas 22 metros de lado.
- A profundidade de 4 km da Mponeng é essencial porque as reservas superficiais já se esgotaram.
- O custo energético para resfriar a mina é um dos maiores desafios da operação.

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Você teria coragem de encarar essa descida?
Trabalhar a 4 quilômetros de profundidade, com rochas que queimam ao toque e uma viagem de uma hora apenas para chegar ao posto de trabalho, exige uma resiliência fora do comum. A engenharia por trás da Mponeng prova até onde a humanidade vai pela busca de recursos, mas o risco é constante.
- A mina atinge 4.000 metros de profundidade e exige 1 hora de elevador para o acesso.
- A temperatura da rocha chega a 60°C, exigindo bombeamento constante de gelo.
- Todo o ouro já minerado na história caberia em um cubo de 22 metros de aresta.







