O ano que se inicia será de muitos fatores que fogem ao controle. Por isso, os investidores que entraram na Bolsa nos últimos anos terão de se preparar para um cenário mais turbulento do que o normal, situação em que a renda fixa pode ser uma boa opção. A avaliação é do economista-chefe Ricardo Martins, da corretora Planner.
Líder em um ranking de projeções econômicas com 56 instituições, ele acredita que a Selic deve encerrar o ano a 12,25%. Confira, a seguir, esta rápida entrevista de Martins ao Monitor do Mercado.
Monitor do Mercado (MM): Alta de juros no exterior, inflação na casa dos dois dígitos, risco fiscal, eleições e agora, crise na Ucrânia. O Brasil entra em 2022 com perspectivas desafiadoras, tanto no front externo quanto no cenário interno. Como lidaremos com essas variáveis?
Ricardo Martins (RM): A preocupação com a inflação tem feito com que o Banco Central (Bacen) jogue duro na política monetária. O detalhe é que há dois componentes que estão fora do alcance dos juros: petróleo e energia elétrica. O Bacen tem sido hawkish no combate à inflação e esse movimento já deveria estar surtindo efeito, mas isso não ocorre, entre outras coisas, por conta desses dois fatores. E, claro, os juros em patamares elevados comprometem toda atividade econômica, que ensaiava uma retomada. Trabalhamos com duas altas de 1,5 pp na Selic, fechando o ciclo em março a 12,25% ao ano.
MM: Para o investidor, o momento é de migrar para a renda fixa? Ou aumentar a aposta na renda variável?
RM: Tivemos um movimento muito forte de novos entrantes na Bolsa, chegamos a mais de 4 milhões de CPFs. Com os juros a 2%, a educação financeira foi muito mais importante. Esse investidor surfou na alta dos últimos anos.