O dólar à vista encerrou o pregão desta terça-feira (30) em queda de 1,43% frente ao real, cotado a R$ 5,49, voltando a operar abaixo de R$ 5,50 pela primeira vez desde meados de dezembro.
O movimento ocorreu após dois dias consecutivos de alta e segundo Harion Camargo, planejador financeiro CFP pela Planejar, foi influenciado por fatores técnicos típicos de fim de ano e por um ambiente externo mais favorável às moedas emergentes.
Apesar da queda no dia, o dólar acumulou valorização de 2,89% em dezembro. O resultado consolidado de 2025, no entanto, foi negativo. A moeda norte-americana caiu 11,18%.
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Fatores técnicos e liquidez reduzida impactam o dólar
Operadores relataram que a liquidez permaneceu reduzida, cenário comum na última semana do ano. Diferentemente dos pregões anteriores, não houve demanda relevante por dólar no mercado à vista para remessas de lucros e dividendos ao exterior, o que contribuiu para aliviar a pressão sobre o câmbio.
Além disso, a disputa das tesourarias bancárias pela formação da taxa Ptax de fim de mês — referência usada na liquidação de contratos e no fechamento de balanços — favoreceu movimentos de venda de moeda americana ao longo do pregão.
“A liquidez hoje foi bem reduzida com a proximidade do feriado de Ano Novo. Houve uma movimentação maior de tesourarias vendidas em dólar para tentar reduzir a taxa Ptax do mês”, afirmou Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora.
Confira o gráfico DXY (em tempo real):
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Real reage após pressão sazonal
Segundo participantes do mercado, as pressões sobre o real associadas à sazonalidade negativa do fluxo cambial ficaram para trás. A recuperação da moeda brasileira também acompanhou o desempenho de outras divisas emergentes, especialmente da América Latina.
No cenário global, investidores reduziram exposição a ativos mais arriscados na véspera da virada do ano, movimento conhecido como fly to quality, que consiste na busca por ativos considerados mais seguros.
Mercado de trabalho e juros no radar
No cenário doméstico, dados divulgados ao longo do dia reforçaram a leitura de um mercado de trabalho aquecido. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua recuou para 5,2% em novembro, mínima da série histórica iniciada em 2012.
Já o Caged apontou criação líquida de 85.864 vagas formais no mês, número acima da mediana das projeções do mercado.
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Para Velloni, esses dados aumentam a probabilidade de que o Comitê de Política Monetária (Copom) inicie um ciclo de cortes da Selic apenas a partir de março, e de forma gradual. A Selic é a taxa básica de juros da economia, atualmente em 15%, e serve de referência para o custo do crédito no país.
“A perspectiva é de um diferencial de juros ainda bastante atrativo ao longo do primeiro semestre, o que pode trazer fluxo de curto prazo para o Brasil”, avaliou o economista, ponderando que o cenário fiscal e o ambiente eleitoral devem ganhar peso nas expectativas para 2026.



