O dia seguinte à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil foi marcado por uma forte reação nos mercados globais. Investidores demonstraram preocupação com o futuro da economia mundial após o Federal Reserve dos Estados Unidos sinalizar uma política de juros mais alta por um período prolongado. Os reflexos dessa notícia se fizeram sentir com a aversão ao risco, resultando em um dólar em alta, curva de juros ascendente e uma queda no Ibovespa, assim como em índices de ações ao redor do mundo.
No mercado brasileiro, o Ibovespa, principal índice da B3, registrou uma queda de 2,15%, fechando aos 116.145,05 pontos. O giro financeiro atingiu R$ 26,1 bilhões, indicando a aversão ao risco que prevaleceu no dia. Na semana, o Ibovespa acumula uma perda de 2,20%, refletindo a incerteza dos investidores.
Ações de empresas de peso como Petrobras, Vale e Bradesco também sofreram com a queda do mercado, contribuindo para o desempenho negativo do índice. A Petrobras, em particular, teve uma correção em direção ao fechamento, afetando o desempenho do Ibovespa.
Decisão do Copom
A decisão do Copom de reduzir a taxa básica de juros (Selic) em meio ponto percentual, para 12,75%, frustrou as expectativas de alguns investidores que esperavam um corte maior no final do ano. O comunicado do Copom sinalizou uma postura mais cautelosa, destacando as preocupações com o cenário externo, especialmente o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos.
Essa decisão limita a possibilidade de cortes mais acentuados da Selic em 2023, o que impacta diretamente os investidores que esperavam uma queda mais expressiva. A perspectiva agora é de que a Selic encerre o ano a 11,75%, com cortes de meio ponto percentual nas próximas duas reuniões.
Perspectivas Futuras
A incerteza em relação ao cenário fiscal e à arrecadação do governo brasileiro também influencia o comportamento do mercado. O compromisso do governo com uma meta de déficit zero em 2024 é visto com ceticismo pelo mercado, especialmente diante da queda na arrecadação em agosto.
A cautela prevalece no mercado financeiro, tanto no Brasil quanto no exterior, devido à perspectiva de juros mais altos nos Estados Unidos e às incertezas econômicas globais. A mensagem “hawkish” do Federal Reserve, indicando possíveis aumentos nas taxas de juros nos próximos meses, reforçou a aversão ao risco nos mercados internacionais.
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