O Brasil é a bola da vez do mercado de criptoativos na América Latina. A afirmação é do head de Vendas Institucionais e Desenvolvimento de Negócios da OSL no Brasil, Guilherme Rebane. A empresa asiática de ativos digitais desembarcou no país em 2019 e, em 2021, intensificou os esforços para atender à demanda crescente de players institucionais por exposição a essa classe de ativos.
A aposta do executivo é que o volume transacionado no país vai dobrar, ou até mesmo triplicar ano a ano. Isso porque o Brasil já conta com produtos – são cinco ETFs listados em bolsa – e caminha em direção à regulação, com projeto de lei (PL 2303/15) aprovado em dezembro do ano passado, além de contar com sinalizações positivas do Banco Central (Bacen), que entendeu a importância do blockchain e já trabalha em iniciativa para lançar sua própria criptomoeda, o Real Digital, validando, na opinião de Rebane, a proposta de valor dos ativos digitais.
Para o executivo da OSL, “estamos vivendo o século da transformação digital e a década dos ativos digitais”, com o Brasil em uma posição evoluída frente a outras economias da região e do mundo. E a OSL quer tirar proveito da sua posição de empresa regulada pela SFC (Security and Futures Commissions de Hong Kong) para atuar como gestora de ecossistema para ativos digitais, desenvolvendo a infraestrutura e atraindo clientes institucionais.
A empresa possui quatro verticais de produto: corretagem, com mesas de operação na Ásia e Américas, onde faz execução de intermediação de fluxo de grandes clientes; exchange para clientes institucionais; serviço de custódia; e plataforma de Software as a Service (SaaS), para clientes institucionais que queiram oferecer aos seus clientes finais acesso ao mercado de ativos digitais.
“Nós olhamos dois perfis principais de clientes. Primeiro os players que já acessam o mercado, que são as exchanges, os trading groups, os fundos, os bancos e grandes players individuais que se comportam como institucionais, que são os prosumers”, explica. “E aí vamos para um segundo tipo de cliente, que são aqueles que ainda não acessam o mercado, mas entendem que precisam estar nessa classe de ativos”, complementa.
O trabalho da empresa tem sido de “evangelização” do mercado, explicando como funciona a classe de ativos, onde e como é negociada e quais os riscos. “É um trabalho que estamos fazendo de forma intensiva, um trabalho educacional, que muitas vezes nos leva a conectar nossos clientes com outros fornecedores que têm soluções que não são o nosso core business”, diz Rebane.
A empresa age quase como uma gestora de ecossistema para criptoativos para fomentar a entrada do player institucional. “Nosso cliente muitas vezes quer saber qual administrador fiduciário já entende o segmento e pode ajudar a construir o produto, qual banco tem um apelo mais amigável em relação à classe de ativo, qual legal firm conhece melhor o tema. Então, agimos como um grande interlocutor desses diversos players”.
Outro diferencial da companhia, de acordo com o executivo, é a oferta de liquidez para grandes volumes negociados. “As mesas das grandes corretoras têm fundos que querem comprar e vender grandes quantidades. Se um cliente quiser comprar mil Bitcoins, ele pode ir a mercado, mas vai precisar fazer um descolamento de preço, fazer isso em centenas ordens de compra.
A OSL é hoje um grande agregador de liquidez e oferece um ambiente com tecnologia, operação e entendimento de negócio. Então, o cliente que quer comprar ou vender mil Bitcoins consegue fazer isso na OSL com um único preço. E isso tudo é feito via API, com o investidor entrando e fazendo via plataforma, pedindo a cotação, recebendo o preço e negociando”.
Para Rebane, o cenário de investimentos hoje está diferente de três a quatro anos atrás, quando o mercado experimentou a chegada do grande público, momento em que o investidor institucional viria, mas não veio de fato. “Hoje, o momento é completamente diferente, o grande público chegou, os produtos foram criados, e o investidor institucional se posicionou”, afirma.
Ele acredita que os criptoativos representam uma alternativa de alta volatilidade, “e onde há volatilidade há oportunidade”, e estão inseridos em um contexto de mundo atual, “que passa por processo de digitalização e que chega para suprir uma lacuna que ainda resta para digitalização de processos, que é a digitalização do dinheiro”, com uma percepção de risco que se encaixa com diferentes perfis de investidores e faz sentido do ponto de vista de diversificação de investimentos, além de trazer um contraponto ao momento de inflação de dois dígitos que vivemos em muitos países do mundo.
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