O volume financeiro dos investimentos dos brasileiros, clientes pessoa física dos segmentos de private e varejo das instituições financeiras, somou R$ 4,5 trilhões em dezembro de 2021. O montante é 7,2% maior que o registrado no mesmo período de 2020, segundo dados da ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
O movimento se deve principalmente à renda fixa, que voltou a ganhar fôlego no último ano, mas a renda variável também apresentou desempenho positivo, apesar do resultado negativo de 11,8% do Ibovespa no ano passado. “Notamos uma clara associação do comportamento da renda fixa com os movimentos da taxa básica de juros”, explica José Ramos Rocha Neto, presidente do Fórum de Distribuição da ANBIMA.
“Na série histórica, a renda fixa vem perdendo espaço desde 2017 chegando ao menor patamar em 2020. À medida que a taxa Selic foi caindo, os investidores buscaram ativos de maior risco agregado, abrindo espaço para a renda variável. Quando os juros voltam a subir, no ano passado, esse movimento se inverte e a renda fixa retoma espaço no portfólio dos clientes”, analisa.
O ciclo de redução da Selic saiu de 7,0%, em dezembro de 2017, para 2,0% no mesmo período de 2020. Com isso, as aplicações em renda fixa dos brasileiros passaram de 71,4% da carteira para 58,1% do volume financeiro total. A renda variável cresceu de 9,5% para 20% na mesma base de comparação. A elevação da Selic, que bateu os 9,25% em dezembro de 2021, mudou essa tendência: a renda variável teve uma pequena retração para 19,7% da carteira, enquanto a renda fixa ampliou espaço para 59%.
Produtos
O destaque do período foram os produtos de renda fixa, como o CDB (Certificado de Depósito Bancário), que teve o maior crescimento absoluto: alta de R$ 77,8 bilhões, alcançando R$ 569,9 bilhões em dezembro de 2021 frente a R$ 492,2 bilhões no mesmo mês de 2020. As debêntures, títulos de dívida das empresas, avançaram 38,5%, somando R$ 70,8 bilhões no final do ano passado.
A LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) e a LIG (Letra Imobiliária Garantida) também cresceram. Enquanto o papel do agronegócio avançou de R$ 145,1 bilhões para R$ 180,1 bilhões de dezembro de 2020 para o último mês de 2021, uma variação de 24,2%, o título imobiliário foi de R$ 19,8 bilhões para R$ 46,2 bilhões, alta de 132,9%.
Na renda variável e híbridos, os melhores resultados ficaram com as ações, que cresceram 5,2%, alcançando os R$ 651,7 bilhões no último mês de 2021. Os fundos multimercados e de ações completam o ranking dos maiores desempenhos nessa categoria – com R$ 682,5 bilhões e R$ 214,2 bilhões em dezembro de 2021, eles responderam por variações positivas de 3,2% e 6,4%, respectivamente, na mesma base de comparação.
Número de contas
A quantidade de contas que aplicam em produtos de investimentos ficou em 131,2 milhões em 2021, resultado 3,8% inferior que em dezembro do ano anterior, ou seja, 5,2 milhões de contas a menos. “Muito dessa redução se deve ao início da pandemia em 2020. Com o pagamento do auxílio emergencial durante a pandemia, tivemos um número expressivo de novas contas que foram criadas para recebimento do benefício, principalmente as contas-poupança, o que não aconteceu em 2021”, comenta Rocha. Ainda assim, o número registrado em 2021 é o maior da série histórica, ficando atrás apenas de 2020, quando havia 136,4 milhões. Vale ressaltar que o número de contas não corresponde ao total de CPFs, já que uma pessoa pode ter mais de uma conta.
Distribuição por região
Todas as regiões brasileiras registraram variações positivas no patrimônio líquido de 2020 para 2021. O Centro-Oeste foi a que mais cresceu, com 9,6% ou R$ 19,5 bilhões. O Nordeste aparece na sequência, com volume 7,4% maior, ou R$ 25,9 bilhões adicionais. O Sudeste, que responde por 68,1% dos investimentos do país, cresceu 7,2% – acréscimo de R$ 206,0 bilhões. O Sul e o Norte aparecem em quarta e quinta posições, com variações de 6,4% e 5,2%, ou R$ 45,6% bilhões e R$ 3,6 bilhões a mais no ano passado, respectivamente.
Ampliação da base de dados
As estatísticas da ANBIMA foram ampliadas, com a entrada de 75 novas instituições ao longo de 2021. Isso porque as regras do Código de Distribuição mudaram para o varejo: até maio de 2021, o envio de informações para a base de dados era obrigatório apenas para casas que tivessem 50 agências bancárias ativas e/ou cujo patrimônio líquido representasse pelo menos 1% do volume total da estatística. Desde junho do ano passado, esses critérios deixaram de valer e todas as casas passaram a reportar os dados, ampliando a representatividade das estatísticas da ANBIMA. Os dados deste release consideram o total das 105 instituições (89 instituições no varejo e 16 no private) nos dois anos.
Conheça os dados na íntegra: varejo e private.
Com informações da Anbima.