Após nove meses consecutivos, a inflação dos Estados Unidos volta a ser menor do que a brasileira, segundo dados da plataforma TradeMap. Entre setembro de 2022 e maio de 2023, a inflação anualizada medida pelo CPI-U nos EUA registrou valores superiores à inflação oficial (IPCA) do Brasil.
Em junho de 2023, o CPI-U registrou uma inflação de 2,97% em 12 meses, em comparação com 3,16% do IPCA.
A diferença entre os dois índices em junho foi de 0,19 ponto percentual, quebrando a sequência de nove meses em que o CPI-U registrava números superiores aos do IPCA.
Historicamente, a inflação nos Estados Unidos tem sido mais controlada do que no Brasil a longo prazo, e existem algumas razões para isso. Primeiro, a cultura brasileira é mais propensa à indexação, isso significa que os preços são ajustados automaticamente com base na inflação passada, podendo levar a um ciclo de aumento mais acelerado. Nos EUA, essa cultura não é tão forte, colaborando para uma estabilidade maior dos preços.
Outro fator é a composição dos produtos usados para calcular a inflação. No Brasil, o IPCA inclui alimentos e combustíveis, itens voláteis sujeitos a flutuações de preços mais acentuadas. Essa característica é comum em países emergentes, nos quais a dependência de commodities pode afetar a inflação. Nos Estados Unidos, os produtos são mais diversificados, englobando uma gama mais ampla de bens e serviços, que contribuem para uma inflação mais estável.
Vale lembrar que a inflação está diretamente relacionada à taxa básica de juros, conhecida como Selic. A Selic é uma ferramenta utilizada pelo Banco Central do Brasil para controlar a inflação e influenciar toda a economia. Em períodos de alta inflação, o Banco Central pode optar por aumentar a Selic como medida para conter a pressão inflacionária.
Imagem: Valter Campanato / Agência Brasil