O termo ‘deepfake’ não é novo. A tecnologia, que usa inteligência artificial, surgiu em 2017 na rede social Reddit e começou a se popularizar em 2019, com aplicativos que combinavam imagens e falas para alterar vídeos, utilizando a imagem de algum famoso para criar uma mídia manipulada ou falsa.
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Na época, o recurso se limitava em combinar alguma característica marcante da pessoa (rosto ou corpo), mesclando-a com as de outro indivíduo, funcionando como uma “troca de cabeças” entre os dois. Hoje em dia, apesar desse uso ainda existir, a inteligência artificial já é capaz de reproduzir a aparência, expressões ou a voz de outra pessoa, sem necessidade dessa mescla.
Alguns deepfakes são inofensivos e usados como homenagem aos que se foram, a exemplo do de Elis Regina (morta em 1982), na recente propaganda da Volkswagen, e do recente clipe ‘No Tempo da Intolerância’, de Elza Soares, que morreu em 2022.
Entretanto, a tecnologia já levantou polêmicas. Em fevereiro, mulheres streamers de jogos foram vítimas de deep fakes pornográficos, como noticiou O Globo. As garotas tiveram seus rostos inseridos em cenas de filmes adultos, sem consentimento.
Outra polêmica foi durante as eleições brasileiras, em 2022. Na época, conforme noticiou o Brasil de Fato, a jornalista Renata Vasconcellos teve sua imagem utilizada de forma distorcida, dizendo que uma pesquisa mostrava a liderança de Jair Bolsonaro nas intenções de voto ao Planalto, ultrapassando Lula. Enquanto a realidade era justamente o contrário.
Para além dos deepfakes com rostos, a inteligência artificial já é capaz de “substituir” famosos ou artistas em vários âmbitos. Conforme já noticiado pelo Monitor do Mercado, Greg Marston, dublador britânico, teve sua voz utilizada na ferramenta IA Revoicer sem sua autorização.
Em 2005, Marston assinou um contrato com a IBM, para um projeto envolvendo gravações de sua voz para um sistema de GPS. No contrato de 18 anos, ele concedeu permanentemente os direitos de sua voz — em um período anterior à existência da IA generativa. Agora, com a Revoicer, há uma infinidade de usos para a voz de Marston, inimagináveis na época do contrato.
Mathilde Pavis, advogada do artista, mencionou que o dublador assinou o documento, mas não havia acordo para que sua voz fosse clonada por uma tecnologia imprevista 20 anos depois. “Ele está trabalhando no mesmo mercado, ainda vendendo sua voz para viver, e agora está competindo consigo mesmo”, argumenta.
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Imagem: Divulgação