Assim como o poder, o dinheiro abomina o vácuo. A grana de verdade, que movimenta as bolsas de valores, não vai para o nada, nem para baixo do colchão dos bilionários, mesmo em momentos de crise. Ele muda de mãos, de mercados e de apostas. E, na última semana, saiu da Petrobras para fortalecer petroleiras menores, as chamadas “junior oils”.
Na sexta-feira, gigantes internacionais, como JP Morgan e Goldman Sachs, descreveram a decisão de cortar os pagamentos de dividendos extraordinários como “surpreendentemente negativa” e o “pior cenário possível”.
Com as análises em mãos, os grandes investidores venderam ações, fazendo os papéis PETR3 e PETR4 derreterem na Bolsa nesta sexta-feira (8). Nos primeiros 25 minutos de negociação, as ações caíram mais de 12%. Fecharam o dia com uma queda de mais de 10%.
E como o dinheiro não pode simplesmente sumir, é essencial aos investidores tentar enxergar para onde ele vai. Quem acompanha o mercado de perto farejou grandes clientes trocando suas posições em Petrobras por PRIO (antiga Petrorio), PetroReconcavo e 3R Petroleum, as chamadas “petroleiras juniores”, no que chamamos de “rotação”.
As juniores passam por um período de consolidação de mercado. Como a Petrobras freou os planos de vender campos de petróleo, as petroleiras menores estão se movimentando e negociando entre si.
Acionistas da 3R Petroleum, por exemplo, desde janeiro empurram a empresa para uma fusão com a PetroReconcavo.
A Prio, em fevereiro, captou R$ 2 bilhões emitindo debêntures. Com isso, encheu o caixa para fazer investimentos bilionários nos próximos meses, muito provavelmente fusões e aquisições farejadas pelo chairman, Nelson Queiroz Tanure. Há tempos, analistas apontam que ela está de olho em campos como o de Peregrino, na bacia de Campos.
A rotação de investimentos entre empresas do mesmo setor é uma estratégia para quem quer continuar apostando na área, mas gosta de ficar peneirando quem pode trazer mais retorno nos próximos períodos.
Esse é um trecho da coluna que publiquei na Folha de S.Paulo nesta semana. Clique aqui para ler a íntegra.