O Banco Central do Brasil (BCB) foi eleito, nesta terça-feira (12), o melhor banco central do mundo, segundo a revista internacional “Central Banking”.
De acordo com os especialistas ouvidos pela publicação, a Lei Complementar 179, que entrou em vigor em fevereiro de 2021 e deu “autonomia técnica e operacional” ao banco, permitiu que o BC atue para garantir a estabilidade econômica e promover um sistema financeiro sólido.
Veja os pontos citados pelos analistas consultados pela “Central Banking”:
Desafios políticos
A autonomia do BC foi desafiada após as eleições brasileiras, especialmente com as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva às políticas do banco central. Lula argumentou que as altas taxas de juros estavam prejudicando a economia do país. Apesar disso, o banco continuou a cumprir suas obrigações, mantendo o foco nas metas de inflação e modernizando o sistema financeiro nacional.
Resposta à inflação
O Brasil enfrentou um aumento significativo na inflação, levando o Comitê de Política Monetária (Copom) do BCB a aumentar rapidamente a taxa Selic de 2% para 13,75% entre março de 2021 e setembro de 2022. Essas medidas, embora desafiadoras, parecem ter sido eficazes, com a inflação atingindo um pico de 12,13% em abril de 2022 e caindo para 3,16% em junho de 2023.
Decisões de política monetária
Apesar das críticas, o BCB manteve uma postura contracionista, alinhada com suas metas de inflação, mesmo em meio a pressões políticas para afrouxar a política monetária. O presidente Lula defendeu uma mudança na meta de inflação, considerada baixa para uma economia de renda média como a do Brasil. No entanto, o Conselho Monetário Nacional optou por manter a meta de inflação em 3% ± 1,5 pontos percentuais.
Transparência e comunicação
O BCB tem investido em comunicação transparente, utilizando redes sociais e lançando a transmissão “LiveBC” para educar o público sobre temas financeiros. Além disso, a instituição tem se destacado na transformação digital, com o lançamento do sistema de pagamento instantâneo Pix e iniciativas para emissão de moeda digital.
Compromisso com sustentabilidade e inclusão financeira
O BCB também tem se comprometido com a sustentabilidade e a inclusão financeira, integrando critérios ambientais, sociais e de governança em suas políticas e operações. Isso inclui o desenvolvimento do sistema de crédito rural sustentável e a promoção de finanças sustentáveis no sistema financeiro nacional.
Desafios futuros
A experiência do Brasil com a autonomia do banco central continua em evolução, mas as medidas adotadas até agora têm contribuído para uma política monetária mais consistente e uma maior estabilidade econômica. O país enfrentará desafios contínuos, especialmente diante das pressões políticas, mas o compromisso do BCB com a transparência, a eficácia e a sustentabilidade oferece uma base sólida para o futuro financeiro do Brasil.