O dólar à vista iniciou a semana em forte alta no mercado doméstico de câmbio, acompanhando a onda de valorização da moeda americana no exterior. Esse movimento foi impulsionado pela escalada das taxas dos Treasuries, os títulos do Tesouro dos Estados Unidos.
Dados robustos da indústria dos EUA divulgados hoje e a fala cautelosa do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, na última sexta-feira, lançam dúvidas sobre a magnitude de eventuais cortes de juros neste ano nos EUA.
Com máxima atingida a R$ 5,0705 no início da tarde, o dólar terminou a sessão desta segunda-feira, 1º de abril, em alta de 0,87%, cotado a R$ 5,0591. Esse é o maior nível de fechamento desde 13 de outubro do ano passado (R$ 5,0885).
Desempenho do dólar e panorama internacional
Após encerrar o primeiro trimestre com ganhos de 3,34%, já acima da barreira técnica e psicológica de R$ 5, o dólar apresentou uma queda inicial na abertura dos negócios. Isso ocorreu em resposta a dados positivos na China e à valorização do minério de ferro. No entanto, a moeda mudou de direção rapidamente, registrando altas sucessivas e ultrapassando a marca de R$ 5,05 por volta das 11h, em sintonia com o exterior.
Desempenho do real
O real teve o pior desempenho entre seus pares latino-americanos, ficando atrás apenas da coroa norueguesa e o florim húngaro quando comparado com as divisas emergentes e exportadoras de commodities mais relevantes.
Perspectivas futuras e indicadores a observar
Com o PMI industrial dos Estados Unidos indicando expansão da atividade pela primeira vez desde setembro de 2022, as atenções se voltam agora para a divulgação de dados do mercado de trabalho nos EUA nos próximos dias. Destaque para o relatório oficial de emprego (payroll) de março, a ser divulgado na sexta-feira, 5.
Expectativas para o Fed
Em entrevista ao Estadão, Leonardo Monoli, sócio e diretor de gestão da Azimut Brasil Wealth Management, afirmou que o cenário de forte atividade nos EUA reduz as apostas em cortes de juros pelo Fed neste ano. Isso leva à abertura da curva de juros nos EUA e ao fortalecimento do dólar. Ele ressalta que um ambiente mais desafiador se apresenta, principalmente para países emergentes, caso o Fed não efetue cortes esperados.