A Capital Economics entende que a inflação divulgada hoje, apesar de ligeiramente abaixo do esperado, ainda preocupa o banco central porque a inflação geral e de serviços ainda estão acima da meta de 3,0%. Além disso, a decisão do governo de diluir suas metas fiscais levou o Comitê de Política Monetária (Copom) a reavaliar o escopo do ciclo de flexibilização e se ainda pode cortar em 50 pontos-base em maio.
“Esta divulgação de inflação provavelmente apenas mantém a porta aberta para um movimento de 50 pontos-base, em vez de um corte menor de 25 pontos-base”, avalia o economista-chefe para mercados emergentes da Capital Economics, William Jackson.
Índice ligeiramente baixo
De acordo com o relatório da Capital, o índice de inflação brasileiro ligeiramente abaixo do esperado para a primeira quinzena deste mês e os sinais de enfraquecimento das pressões subjacentes sobre os preços básicos podem ser suficientes para dar ao Copom espaço para cortar a taxa Selic em mais 50 pontos-base na próxima reunião em maio.
“No entanto, com as preocupações fiscais aumentando e o real sob pressão, o ritmo do afrouxamento monetário deve diminuir muito em breve.”
O resultado ficou abaixo da previsão da Capital e do consenso (3,9% ao ano) e do resultado de meados de março de 4,1% ao ano. Um aumento na inflação de alimentos foi mais do que compensado por quedas em outras categorias – particularmente transporte, saúde e habitação.
“O encorajador para o banco central é que a inflação dos serviços básicos caiu – segundo nossas estimativas, de 5,2% em meados de março para 4,7% em meados de abril. Parte disso se deveu a um declínio na inflação de passagens aéreas altamente voláteis”, comenta Jackson.
A medida subjacente dos serviços básicos (que exclui as passagens aéreas e alguns outros preços), na qual o banco central está focando sua atenção, também diminuiu.
Camila Brunelli / Safras News
Imagem: Piqsels