A Bolsa fechou em queda às vésperas de decisão de política monetária nos Estados Unidos, em que deve ser mantida a taxa entre a banda de 5,25% a 5,5%. O comunicado e o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, geram tensões nos investidores.
A aposta do mercado é de uma mensagem dura em razão da economia americana se mostrar bem aquecida. Essa apreensão se intensifica devido a B3 estar fechada amanhã (1) em razão do feriado e muitos investidores não se riscam em tomar posição.
No fechamento da sessão, o Ibovespa, principal índice da nossa Bolsa, fechou em queda de 1,12%, aos 125.924,19 pontos. No mês, o índice cai 1,70%, a segunda maior queda do ano — atrás de janeiro, que teve queda de 4,79%. Em março, o recuo foi de 0,71%. Esta é a primeira vez desde fevereiro e março de 2023 que o índice apresenta duas perdas mensais consecutivas.
Cenário corporativo
Entre as ações de maior peso no índice, Vale fechou em baixa de 0,95%, enquanto as da Petrobras caíram 0,63% (ON) e 0,31% (PN). No entanto, no mês, as gigantes foram capazes de acumular ganhos em abril. A mineradora avançou 4,04%, enquanto a petroleira registrou altas de 18,66% e 15,60%, respectivamente.
Entre os grandes bancos, o Santander (SANB11) foi o principal destaque da sessão, subindo 2,74%, após divulgar seus resultados do primeiro trimestre de 2024 — foi o único dos bancos a fechar abril com ganhos, avançando 2,63%.
Por outro lado, o Itaú, uma das ações de maior peso no Ibovespa, acumulou uma queda de 9,42% em abril.
Entre as maiores altas de hoje, além do Santander (SANB11), ficaram Cemig (+2,03%) e Eletrobras (PNB +0,82%, ON +0,61%). Do outro lado, entre as principais baixas, tivemos Magazine Luiza (-6,21%), Casas Bahia (-6,16%) e Yduqs (-4,95%).
Impacto dos dados de emprego nos Estados Unidos
No cenário internacional, os rendimentos dos Treasuries avançaram após a divulgação do aumento do custo do emprego no relatório ADP nos Estados Unidos, contribuindo para reforçar a cautela dos investidores globais antes da decisão do Federal Reserve sobre a taxa de referência americana.
O aumento de 1,2% no índice de custos do emprego no primeiro trimestre, superando as estimativas, adicionou cautela ao mercado e influenciou a reavaliação das perspectivas de flexibilização monetária na maior economia do mundo.
Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que o índice de custos de mão de obra acima do esperado e a decisão de política monetária, ambos, nos Estados Unidos empurram o Ibovespa para baixo.
“O Fed deve se posicionar em relação a custos de emprego. O dado é importante porque pode pressionar a inflação e o corte [de juros] pode vir só em setembro, novembro ou até não ter redução [de juros] esse ano. Mercado de trabalho e inflação são informações que o Fed olha de perto. Amanhã o Powell [presidente do banco central norte-americano] deve manter o mesmo discurso, enquanto os dados da economia não permitirem que a inflação chegue à meta de 2% não haverá corte de juros”.
*Com informações da Agência CMA