Em sua teleconferência de resultados, o diretor de finanças da Vale, Gustavo Pimenta, disse que a companhia trabalha para normalizar os custos de sua produção buscando maiores volume e mix de produtos e que os seus principais concorrentes também enfrentam esse problema. A mineradora manteve suas projeções de produção e vendas para 2023 e planos de expansão da área de metais básicos.
“Vamos normalizar custo C1 no segundo semestre, com maiores volumes em Carajás, o que deve levar a melhor do custo all-in. Também iremos compensar o custo em níquel com maior produção própria e atingiremos o guidance de US$ 13 mil por tonelada”, disse Gustavo Pimenta, diretor de finanças da Vale, sobre a projeção de custo all-in para 2023. “O all-in vai depender dos prêmio e, se tivermos melhor desempenho, teremos a melhora dos prêmios.”
No 1T23, o custo unitário de minério de ferro aumentou para US$ 26,7/t, de US$ 21,2/t no 1T22, devido a custos e volume sazonalmente baixos no 1T e maiores preços e participação no mix de compras de terceiros. Por outro lado, a Vale teve redução em tarifas de frete e US$ 129 milhões em redução de custos com a instalação de scrubbers e ajustes de pelotas de minério de ferro.
O custo all-in do níquel foi de US$ 17.143/t, de US$ 9.628/t no 1T22. A companhia atribuiu o aumento dos custos ao maior consumo de feed de terceiros, menor diluição de custos fixos, mix de venda e pressões inflacionárias de combustíveis e materiais e aumento de iniciativas de P&D para melhorias operacionais adicionais.
No 1T23, a Vale totalizou ebtida ajustado proforma das operações continuadas de US$ 3,7 bilhões, US$ 2,7 bilhão abaixo do mesmo intervalo de 2022, refletindo, principalmente, os menores preços realizados de finos de minério de ferro e pelotas, as menores vendas de finos de minério de ferro e maiores custos.
O diretor disse que a Vale está aumentando os fornecimentos à China e que, embora a demanda não tenha sido muito relevante, a oferta local também não, o que traz uma perspectiva de estabilidade para o ano. “Vem um feriado agora, eles vão precisar repor os suprimentos. No segundo semestre esperamos um crescimento não muito significativo. Podemos ver adição de 5-10 milhões de toneladas de minério de ferro”, disse.
A Vale disse que mantém seu guidance de vendas para o ano e que está ajustando a produção para oferecer o “produto correto”, como aumento de pelotas, além de fornecer para outros países da Ásia e Europa. “Estamos confiantes com a produção e atingimento do guidance. As sazonalidades estão solucionadas. Estamos criando oportunidades tremendas para crescer em minério de ferro e metais de transição.”
Em relação à operação da unidade de mineração de ferro S11D, em Carajás, a empresa disse que terá crescimento e o que o guidance não está atrelado à obtenção de licenças.
A Vale disse que mantém seu foco em minério de ferro e reiterou que avalia fusões e aquisições na área de metais básicos por meio de sua nova empresa, com ativos em Carajás e na Indonésia. “Podemos crescer de forma orgânica ou inorgânica, da forma correta. Estamos avançando na área de metais básicos e faremos isso com cautela”, disse o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, na teleconferência de resultados realizada nesta manhã.
O CEO disse que a entrada de Mark Cutifani na presidência do conselho da do negócio de metais básicos da Vale tem o objetivo de “destravar valor e criar opcionalidades”, nas quais um possível IPO, mas que essa não é a única alternativa. “O carve-out vai criar muitas possibilidades para extrair valor e até meados do ano teremos novidades para apresentar”, comentou o CEO, na teleconferência encerrada há pouco.
Cynara Escobar / Agência CMA
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