A Federação Única dos Petroleiros (FUP) divulgou um comunicado comemorando a eleição de Mário Vinícius Claussen Spinelli para o cargo de diretor-executivo de Governança e Conformidade da estatal. “Venceu o bom-senso, afirmou o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, referindo-se à vitória do respeito às regras do estatuto da companhia e à derrota da manobra de “atravessadores”.
Spinelli, que já foi ouvidor-geral da Petrobrás, constava em lista tríplice encaminhada pela nova gestão da Petrobrás, comandada por Jean Paul Prates. A FUP denunciou na véspera a tentativa de membros do Comitê de Pessoas (COPE) da Petrobrás, de impor um quarto nome, o de Salvador Dahan, que ocupou a diretoria de governança na gestão anterior, violando, assim, regras internas da empresa, que determinam a escolha da diretoria com base em lista tríplice.
A indicação paralela de Dahan foi criticada por empregados da Petrobrás, não apenas por contrariar regulamento interno e princípios de governança. Mas sobretudo pela considerada negligência do ex-diretor em questões que envolvem violência no trabalho, assédio moral e sexual na empresa, com casos crescentes nos últimos anos. A diretoria de Governança e Conformidade, que tem sob seu guarda-chuva a área de Ouvidoria, entre outras, é responsável também por esses temas.
Segundo registros da Petrobrás, somente em 2022, foram recebidas 64 denúncias de violência sexual, sendo 60 arquivadas pela empresa. A denúncia de assédio sexual e estupro cometidos por funcionários, dentro do Centro de Pesquisa da empresa (Cenpes) é de 2022, e, na época, a companhia não fez qualquer movimento.
“A violência ocorreu há sete meses e só houve punição ao agressor em março de 2023, após o Ministério Público denunciar”, destacou a diretora da FUP, Cibele Vieira, informando que, no ano passado, foram 851 denúncias de violência no trabalho, com crescimento de 23% sobre 2021.
Spinelli é doutor em Administração Pública e Governo pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) e Mestre em Administração Pública pela Fundação João Pinheiro (FJP-MG). Ele também trabalhou como Ouvidor-Geral da Petrobras por dois mandatos (2016-2021), Controlador-Geral do Estado de Minas Gerais (2015), o Primeiro Controlador-Geral do Município de São Paulo (2013-2014), Secretário de Prevenção da Corrupção e Informações Estratégicas da CGU (2010-2013), Conselheiro do Coaf
(2010- 2013), Assessor Técnico do Ministro-Chefe da CGU (2008-2009), Membro da Comissão de Ética da CGU (2008-2009) e Gerente da Diretoria de Prevenção da Corrupção da CGU (2007). Ele também é auditor de carreira da CGU (Auditor Federal de Finanças e Controle) desde 2001.
Emerson Lopes / Agência CMA
Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil