O Ibovespa e o dólar estadunidense operam em queda, enquanto as taxas de juros operam em tímido avanço no mercado financeiro brasileiro nesta quarta-feira (26/4). A Bolsa tem leve recuo e oscila entre os 102 mil pontos e 103 mil em meio à queda das ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) com a desvalorização do petróleo no mercado internacional, alta da Vale (VALE3) com os investidores na expectativa para o balanço da mineradora hoje, após o fechamento do mercado e os agentes financeiros digerindo o Indice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia da inflação.
O IPCA-15 em abril desacelerou para 0,57% e a expectativa do mercado era (+0,60%). Em 12 meses, a variação do indicador foi de 4,16% e os analistas esperavam alta de 4,20%.
Os investidores também repercutem os balanços da Gol (GOLL4) e da Weg (WEGE3), divulgados mais cedo. As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) caíam 0,76% 0,44%. Vale (VALE3) subia 1,22%.
Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos, disse que na sessão de hoje um mix de informações impacta a Bolsa. ” O mercado está de olho nas falas Lula lá fora, commodities pressionam aqui com o petróleo em queda e as ações da Petrobras cai, entra no cálculo o IPCA-15 de abril que ficou abaixo do consenso, NY limita as perdas e Vale sobe com a expectativa pelo balanço [sai após do fechamento do mercado], bancos caem, após as altas de ontem”.
O dólar cai, sem ímpeto. Se por um lado, a inflação dá sinais de desaceleração, por outro, seguem as incertezas sobre os próximos passos do arcabouço fiscal que tramita na Câmara.
O head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, entende que enquanto o Boletim Focus do Banco Central (BC) não apontar uma desaceleração da inflação para 2024, o Comitê de Política Monetária (Copom) não deve dar início aos cortes na Selic (taxa básica de juros).
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) seguem em alta, perto da estabilidade, puxadas pelos dados de inflação do IPCA-15 abaixo do esperado e dos treasuries (títulos do Tesouro norte-americanos) de dois anos, que caem nos Estados Unidos.
Gerente de tesouraria do Braza Bank, Bruno Perottoni considerou o IPCA-15 um pouco melhor que o esperado, mostrando um arrefecimento da inflação, mas não o suficiente para para cortes na Selic (taxa básica de juros).
“Na maioria dos núcleos o dado veio como esperado mas não tão bom quanto se gostaria para encorajar uma redução de juros”, diz o tesoureiro. “Na B3, cenário misto com alta nos juros curtos e leve queda nos vencimentos mais longos. O mercado segue precificando redução na Selic apenas no segundo semestre, considerando as expectativas implícitas no mercado futuro.”
Camila Brunelli / Agência CMA
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