A Tendências Consultoria analisou os dados do IPCA-15 de abril, que apresentou alta de 0,57%, uma desaceleração em relação ao IPCA de março (0,71%).
“O resultado ficou abaixo da nossa estimativa (0,64%) e da mediana coletada pela Agência Estado (0,61%)”, segundo relatório da Tendências.
O indicador acumulou alta de 4,15% em 12 meses, abaixo da variação de 4,65% acumulada nos 12 meses até o índice fechado de março. “Para o IPCA de abril, a expectativa é de manutenção da trajetória de arrefecimento, concentrada nos preços administrados”
Em linha com as alterações tributárias da cobrança do ICMS sobre a gasolina, a projeção da Tendências para o IPCA de 2023 foi elevada de 5,8% para 5,9%.
“O arrefecimento esperado para o fechamento de abril deve ser explicado, em parte, pela manutenção da desaceleração dos preços de combustíveis, devido ao esgotamento das pressões altistas oriundas da reoneração de tributos federais”, diz a Tendências.
Em contrapartida, espera-se aceleração dos preços de bens industriais, com destaque para a expectativa de alta dos preços de aparelhos eletroeletrônicos. Neste mesmo sentido, os preços de Alimentação no domicílio devem retornar ao campo positivo, após mais um recuo na prévia de abril.
“O movimento deve ser impulsionado pela alta do item Carnes, sob influência do fim do embargo sobre a venda de carne bovina para a China, e pela aceleração dos preços de Tubérculos, raízes e legumes.”
Quanto ao resultado na margem, os preços de combustíveis mantêm o posto de principal contribuidor para o campo positivo, ainda que os preços da gasolina tenham entrado em trajetória de desaceleração.
Dentre os grupos com impacto baixista sobre o índice, destaca-se o subgrupo Alimentação no domicílio, cujo recuo foi, em grande parte, oriundo da queda nos preços de frutas e carnes.
Neste mesmo sentido, o grupo Habitação arrefeceu devido à dissipação dos efeitos sobre os preços da energia elétrica residencial com a reinclusão da TUST/TUSD na base de cálculo do ICMS.
Já quanto ao grupo de Saúde e Cuidados Pessoais, foi observada alta significativa dos preços de produtos farmacêuticos.
Na abertura dos preços livres, a inflação do índice de serviços totais acelerou, e apresentou alta de 0,53% (ante 0,25% no IPCA), movimento observado em menor magnitude na métrica que exclui passagens aéreas (0,35%, ante 0,34% no índice fechado de março).
A inflação de serviços permanece um fator de risco relevante para o cenário de 2023, no contexto de aumento de gastos governamentais e desancoragem de expectativas. A variação em 12 meses dos serviços totais desacelerou em relação ao IPCA de março, de 7,62% para 7,55%, assim como na métrica que exclui o item passagens aéreas (6,97%, ante 7,17% no índice fechado do mês passado).
A média dos cinco núcleos acompanhados pelo BC ficou em 0,44%, variação maior em relação à registrada no IPCA de março (0,36%). A média dos núcleos permanece elevada no acumulado em 12 meses (7,40%), apontando para um cenário de pressões subjacentes ainda elevadas. Quanto ao índice de difusão, houve aumento na margem, para 63,22% (de 59,95% no IPCA de março), revertendo o movimento de redução da disseminação das altas de preços observado até então.
Camila Brunelli / Agência CMA
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