A Bolsa passou a cair menos, operando na faixa de 103 mil pontos no início da tarde desta terça-feira (25), com os investidores acompanhando atentamente as falas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na Comissão na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado. O índice abriu na faixa de 103,9 mil pontos e atingiu a mínima aos 102,7 pontos (-1,15%) durante a manhã, após falas do presidente do BC reforçando a manutenção dos juros elevados por mais tempo.
Perto das 14h, a sabatina se aproximava do fim. No encerramento, ele defendia os impactos sociais das políticas de microcrédito do Banco Central e a autonomia do BC.
Os agentes do mercado financeiro também acompanham o movimento de baixa de NY, com as bolsas pressionadas por lucros mistos apresentados nos balanços corporativos, expectativas sobre o ritmo do aperto do Fed e novos temores com o setor bancário.
Roberto Campos Neto disse não ter condições de prever quando a taxa Selic começará a cair, destacando que é um dos nove votos para tomar essa decisão. Ele reiterou que a decisão será técnica e não política e que levará em conta três pontos: as expectativas de inflação, o hiato do produto e a inflação corrente.
Em sua apresentação, Campos Neto defendeu o sistema de metas de inflação, que diminui a volatilidade e dá “previsibilidade para os agentes financeiros”. O presidente disse ainda que o BC tem autonomia operacional para perseguir as metas, mas quem as define é o Conselho Monetário Nacional (CMN). O presidente do BC afirmou que a piora nas expectativas é um problema e que essa desancoragem ocorre desde novembro.
Ele também destacou a autonomia do BC e disse que países com bancos centrais mais autônomos têm inflação menor. “O BC autônomo traz segurança, gera ganho para sociedade e previsibilidade ao mercado”, completa.
Entre as ações, os destaques de baixa são as commodities de mineração, especialmente a Vale (-3%), que tem forte peso no índice, CSN Mineração (-3%), assim como siderúrgicas Gerdau (-3,65%) e cias de papel e celulose Suzano (-1,38%) e Klabin (–0,96%), em dia de queda do minério lá fora e em meio a incertezas sobre os efeitos da desaceleração na demanda global. A ação da
petroquímica Braskem (BRKM5) destoa do movimento e lidera as altas do Ibovespa, sebindo mais de 4% nesta terça-feira, após a companhia informar a suspensão da decisão do Tribunal de Justiça de bloquear suas contas bancárias da empresa.
A queda do Ibovespa também é compensada pela alta dos bancos, que sobem em bloco, com Santander Brasil(SANB11) na dianteira (+2,12%), mesmo após queda no lucro, reduzindo a perda do Ibovespa. A exceção é o Banco do Brasil, que cai 0,96%.
Após a divulgação do resultado operacional do primeiro trimestre, a ação do Carrefour Brasil cai 1%, assim como Pão de Açúcar (-1,36%) e a atacadista Assaí (-4,57%) refletindo análises citando piora de expectativa de ganhos no curto prazo e desempenho mais fraco que o esperado no atacado.
Às 14h00 (horário de Brasília) o principal índice da B3 caía 0,85%, aos 103.055,10 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho perdia 0,97%, aos 104.715 pontos. O giro financeiro era de R$ 8,9 bilhões. Em Nova York, as bolsas operavam em queda.
Cynara Escobar / Agência CMA
Imagem: Piqsels