O Ibovespa opera em queda, enquanto o dólar e as taxas de juros operam em alta no mercado financeiro brasileiro nesta quarta-feira. Depois da apresentação do arcabouço fiscal ao Congresso, os agentes financeiros estão tentando esmiuçar o texto e entender como o governo vai lidar com os pontos fora do teto de gastos.
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Atrelado a isso, o exterior e a pressão das commodities ajudam no movimento negativo do índice em meio à frustração dos agentes financeiros com o relatório de produção e venda da Vale (VALE3) divulgado na véspera, abaixo da previsão do mercado, e a inflação na Europa e o temor de juros mais altos. Logo mais será divulgado o Livro Bege, relatório do banco central dos Estados Unidos, sobre as condições econômicas das 12 principais regiões do país, em que pode trazer mais pistas sobre os juros por lá.
Felipe Moura, sócio e gestor da Finacap, disse que o cenário doméstico pesa na Bolsa na sessão de hoje com os investidores reagindo ao arcabouço fiscal. “Não vi muito mudança, mas teve uma série de classificação que ficou fora do limite de gastos, que vejo como negativo, mas o projeto deve avançar na Câmara do jeito que está; Além disso a derrota de Haddad [ministro da Fazenda, Fernando Haddad] sobre a taxação dos US$50 [manteve a isenção de compras internacionais entre pessoas físicas] também pesou; as commodities e inflação ao consumidor na zona do euro -subiu 6,9% em março em base anual- e Reino Unido -avançou 10,1% em março em base anual- também ajudam para o movimento negativo.”
O dólar sobe mais de 1%. O ambiente global não é convidativo, mas o driver segue local, com o texto do arcabouço fiscal sendo mais expansionista que o esperado pelo mercado. Para o head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, o texto tem muitas exceções, e agora o desafio é o Congresso aprovar: Vamos ver o que sai disso. Agora tem as incertezas de como isso vai ficar, pontua Weigt.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) operam em alta, devido a incertezas sobre o arcabouço fiscal, enviado ontem ao Congresso Nacional, que está sendo considerado vago em relação aos gastos. O mercado avalia, ainda, a queda na produção industrial brasileira, enquanto aguarda a divulgação do Livro Bege, relatório do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) sobre as condições econômicas das 12 principais regiões do país.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE) divulgou hoje a produção industrial brasileira, que caiu 0,2% em fevereiro ante janeiro, depois de ter caído 0,3% no mês imediatamente anterior. O resultado foi melhor que a projeção de -0,30%, conforme mediana das estimativas coletadas pelo Termômetro CMA. Já em relação a fevereiro de 2022, houve queda de 2,4%, sensivelmente abaixo da estimativa de +1,3% coletada pela CMA. No ano, o índice acumula queda de 1,1%, e no acumulado de 12 meses baixa de 0,2%.
As atenções ainda se voltam ao arcabouço fiscal, após uma série grande de adiamentos que criou estresse entre os investidores e apesar do escopo estar próximo àquele recentemente apresentado, vieram as novidades, diz a Infinity Asset. “É positivo o fato de a conta ser feita considerando a receita líquida de transferências feitas a estados e municípios, o que exclui receitas de concessões e permissões, dividendos, participações e exploração de recursos naturais da conta.”
O diretor de tesouraria do Braza Bank, Bruno Perottoni, considerou o texto apresentado conservador em alguns trechos, mas muito vago no tocante às despesas. “O texto deixa um viés bastante expansionista nos gastos e responde pouco sobre a origem das receitas. Em suma, volta a preocupação com o fiscal, com reflexo de alta nos juros futuros e desvalorização do Real”, ele opina.
Camila Brunelli / Agência CMA
Imagem: unsplash.com
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