O BTG Pactual divulgou um relatório sobre as perspectivas da Natura para este ano, apontando que a alta alavancagem, em meio ao cenário de altas taxas de juros, e problemas na reformulação de suas operações Avon e TBS devem continuar prejudicando sua lucratividade.
“Percebemos os esforços da companhia para simplificar sua estrutura e melhorar o FCF em meio ao cenário adverso, mas, a curto prazo, as margens ainda impactam nos resultados, levando-nos a manter nossa classificação Neutra apesar da venda da Aesop e recente liquidação. Após a venda da Aesop, estimamos entrada de R$ 10,8 bilhões em 2023, deixando a Natura com 0,1x caixa líquido/Ebitda (pós-IFRS16) versus 5,1x em 2022”, explicou o BTG.
A Natura anunciou no início deste mês a venda de 100% da Aesop para a LOreal, pelo valor de US$ 2,52 bilhões, a serem pagos 100% em dinheiro, com um múltiplo EV/EVITDA implícito de 20x e 16x em 2023 e 2024, respectivamente, abaixo do atual patamar da LOreal (23,5 e 21,7x), mas significativamente acima do patamar da Natura (5,8x e 4,5x). O fechamento da operação deve acontecer no terceiro trimestre de 2023.
Para a XP Investimentos, a transação é positiva, uma vez que ela acaba com as preocupações dos investidores quanto ao nível de alavancagem da companhia, e também permite que a companhia foque no seu business principal (integração da Natura e Avon).
O BTG também salientou espera um pequeno crescimento da Avon International nos próximos anos (2% vendas CAGR 2022-26), enquanto as margens devem chegar a 5,3% em 2023. Para o TBS, a corretora acredita que a receita cresça 1%/ano em média em 2022-26, enquanto a margem Ebitda deverá ser de 14,7% em 2026 (vs. 8,2% em 2022). Com isso, o Ebitda ajustado consolidado deve atingir R$ 3,3 bilhões em 2023 (9,4% margem Ebitda, versus 7,6% em 2022), registrando um CAGR de 16% em 2022-26.
Por fim, o relatório afirmou que o setor de CF&T (cosméticos, perfumaria e higiene pessoal) tem apresentado bom desempenho nas últimas décadas, mas sem sair imune às crises econômicas do Brasil, incluindo a pandemia, apesar de ainda ter mostrado forte resiliência em comparação com outros segmentos de consumo e varejo.
“Uma característica do mercado brasileiro é que o consumo é mais voltado para produtos básicos. Mas, nos últimos anos, houve um aumento o segmento de fragrâncias (geralmente de maior valor agregado). A principal diferença entre a América Latina (e o Brasil) e o resto do mundo é o peso da venda direta, que representa 26% das vendas do setor contra a média global de 8%”, explicou o BTG.
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Emerson Lopes / Agência CMA
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