A Casas Bahia informou nesta quinta-feira (5) que está em negociações avançadas com seus principais credores para converter, de forma antecipada, R$ 1,56 bilhão em dívidas da segunda série de debêntures em novas ações ordinárias (ON) da companhia, conforme publicado pelo Valor Econômico.
A medida tem como objetivo reduzir pela metade a alavancagem da empresa e representa mais um passo no processo de reestruturação financeira iniciado em 2023.
Além da conversão, a companhia também negocia o reperfilamento da primeira série de debêntures, no valor de R$ 1,67 bilhão.
Em reação ao anúncio, as ações do grupo (BHIA3) subiram mais de 12% após a abertura do pregão e entrou em leilão. Após voltarem a ser negociadas, os papéis consolidaram uma alta de 10,70%, aos R$ 4,45.
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Em entrevista depois do anúncio, o presidente da companhia, Renato Franklin, afirmou que a conversão é peça-chave no processo de transformação da Casas Bahia, pois “traz estabilidade, melhora as condições gerais de crédito e reduz o custo da dívida”.
A empresa tem concentrado esforços desde o ano passado em reorganizar sua operação e equilibrar sua estrutura de capital, em meio a um cenário desafiador no setor de varejo.
Conversão reduz alavancagem e juros
Segundo as Casas Bahia, a conversão antecipada das debêntures pode reduzir o índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) de 1,6 vez para 0,8 vez. Também pode gerar uma economia de cerca de R$ 230 milhões por ano em despesas com juros e liberar até R$ 400 milhões em caixa.
Essa conversão estava prevista nos termos originais da emissão da dívida, mas vinha sendo negociada para acontecer antes do prazo original, que era outubro de 2025. Agora, a expectativa é que a operação comece já em junho deste ano.
A operação integra uma dívida maior, de aproximadamente R$ 4,5 bilhões, dividida em três séries. No caso da segunda série, os detentores de 99,9% da emissão — entre eles Bradesco e Banco do Brasil, segundo fontes — estão de acordo com a antecipação.
Casas Bahia organiza lock-up escalonado
Para evitar pressão sobre o preço das ações no mercado, a conversão das debêntures será acompanhada por um cronograma de “lock-up” (bloqueio), que limita a venda dos papéis durante determinado período. A liberação ocorrerá em etapas:
- 10% das ações poderão ser vendidas na conversão;
- 15% no primeiro trimestre após a conversão;
- 15% no segundo trimestre;
- 20% no terceiro trimestre;
- 30% no quarto trimestre;
- e os 10% finais no 16º mês após a conversão.
A companhia informou que uma gestora, contratada pelos credores, deverá assumir a operação de conversão de 100% dos papéis e será responsável por administrar esse cronograma de lock-up.
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Valor de emissão das ações das Casas Bahia
O valor de emissão das ações será calculado com base no preço médio ponderado por volume das ações nos 90 dias que antecederem a data efetiva da conversão, multiplicado por 80%.
Se a operação fosse aprovada hoje, seriam emitidas aproximadamente 328,9 milhões de ações ON, equivalentes a 77,58% do capital social total da companhia.
Reperfilamento da 1ª série de debêntures
Além da conversão, a Casas Bahia negocia mudanças no cronograma da primeira série de debêntures. A proposta é adiar o pagamento da primeira parcela de juros de novembro de 2026 para novembro de 2027, ganhando um ano de fôlego financeiro. O saldo de principal será quitado em quatro parcelas, de 2026 a 2029.
As alterações no perfil da dívida integram o plano da atual gestão, liderada por Renato Franklin, para equilibrar a estrutura financeira da empresa, que já vem passando por reestruturações operacionais.
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Impacto da operação na governança
A conversão de debêntures em ações também pode ter impacto na composição do conselho de administração da companhia.
O acionista Michael Klein, que busca ampliar sua participação na empresa ao longo dos próximos 12 meses, à medida que as restrições de venda (“lock-ups”) forem vencendo, pode se beneficiar do aumento de liquidez no mercado para adquirir mais ações sem pressionar os preços.