A Nvidia, big tech mais valiosa do mundo, reportou um lucro de US$ 26,42 bilhões em seu segundo trimestre fiscal, valor que representa uma alta de 59% em relação ao mesmo período de 2024 e equivale a US$ 1,05 por ação, acima da expectativa dos analistas, que previam US$ 1,01 por ação.
A receita totalizou US$ 46,74 bilhões no período, revelando um avanço de 56% em base anual, enquanto o mercado projetava US$ 46,05 bilhões.
Mesmo com os números acima do consenso, as ações caíram cerca de 3% após o fechamento da Bolsa de Nova York. O recuo foi atribuído à projeção mais modesta de receita da empresa para os próximos meses, em especial no segmento de data centers.
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Nvidia decepciona com projeções abaixo do esperado
A Nvidia estima uma receita de US$ 54 bilhões no terceiro trimestre fiscal, com variação de 2% para mais ou para menos. O número ficou em linha com a média de estimativas de Wall Street (US$ 53,43 bilhões), mas abaixo da projeção de parte dos analistas, que esperavam até US$ 60 bilhões.
O guidance também exclui embarques do chip de inteligência artificial H20 para a China, afetados por restrições impostas pelo governo dos Estados Unidos. No 2º trimestre, a companhia não registrou nenhuma venda desse chip no país, resultando na queda de cerca de US$ 4 bilhões em relação ao período anterior.
Segundo executivos, entre US$ 2 bilhões e US$ 5 bilhões em chips H20 poderão ser enviados à China, dependendo de licenças de exportação americanas.
Segundo postagem de um repórter da Fox no X, nesta quinta-feira (28), a tech estaria em negociação com os EUA para vender chip de IA Blackwell para a China e uma parte das vendas seria repassada ao governo. A empresa quer que a tecnologia dos EUA seja como o dólar americano, o padrão global.
Negócios da Nvidia por segmento
A receita de data centers da Nvidia atingiu US$ 41,1 bilhões, alta de 56% em um ano, representando 87,9% do faturamento total. Segundo a Nvidia, metade desse montante veio de provedores de infraestrutura em nuvem, que ampliaram investimentos em sistemas de inteligência artificial.
As vendas da divisão de jogos e inteligência artificial para computadores somaram US$ 4,3 bilhões, crescimento de 49% na comparação anual, equivalentes a 9,2% da receita total.
A área de automotivo e robótica registrou US$ 586 milhões, avanço de 69%, enquanto a divisão de visualização profissional somou US$ 601 milhões, alta de 32%.
O segmento de robótica, apesar de pequeno (US$ 601 milhões em vendas), foi citado pela administração como uma oportunidade de expansão futura.
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Chips Blackwell da Nvidia e a corrida da IA
As vendas dos chips de última geração Blackwell aumentaram 17% em relação ao trimestre anterior. Em maio, a Nvidia informou que a nova linha alcançou US$ 27 bilhões em vendas, representando cerca de 70% da receita de data centers.
Jensen Huang, fundador e CEO da Nvidia, afirmou que “Blackwell é a plataforma de IA que o mundo estava esperando, oferecendo um salto geracional excepcional — a produção do Blackwell Ultra está acelerando em ritmo máximo, e a demanda é extraordinária. A computação em escala de rack com Nvidia NVLink é revolucionária, chegando no momento certo, à medida que modelos de IA voltados para raciocínio impulsionam aumentos exponenciais no desempenho de treinamento e inferência. A corrida da IA começou, e o Blackwell está no centro dessa transformação.”
Em comunicado, Huang acrescentou que “a oportunidade pela frente é imensa” e estimou que os investimentos em inteligência artificial devem alcançar entre US$ 3 trilhões e US$ 4 trilhões até o fim da década.
Custos e margens pressionam resultados
William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, avalia que “a empresa sofreu pressões de custo, que fizeram com que sua margem bruta diminuísse em 3 pontos percentuais, para 72,7%. No entanto, seus gastos operacionais cresceram em menor magnitude (36% na base anual), levando o lucro operacional a um crescimento de 51%”.
O especialista pontua que esse foi mais um trimestre impulsionado por seus negócios de data center, com a receita da divisão aumentando 56% em relação ao mesmo período do ano anterior, para US$ 41,1 bilhões (87,9% das receitas totais).
Alves enfatiza que os grandes responsáveis por esse crescimento foram os provedores de infraestrutura de armazenamento na nuvem, os quais representam cerca de metade dos negócios de data center da Nvidia.
Dividendos e recompras de ações
Durante o primeiro semestre fiscal, a empresa retornou US$ 24,3 bilhões aos acionistas por meio de dividendos e recompras de ações. Apenas no último trimestre, a recompra somou US$ 9,7 bilhões.
Em 26 de agosto de 2025, o conselho de administração aprovou um acréscimo de US$ 60 bilhões à autorização de recompra, sem prazo de expiração. Atualmente, a empresa ainda dispõe de US$ 14,7 bilhões não utilizados em programas anteriores.
A Nvidia também anunciou o pagamento de dividendo trimestral em dinheiro de US$ 0,01 por ação em 2 de outubro de 2025, para investidores registrados em 11 de setembro de 2025.
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Valorização das ações da Nvidia
Neste ano, as ações da Nvidia acumulam valorização de 35%, levando a capitalização de mercado da empresa para mais de US$ 4 trilhões. A fabricante de chips se tornou, em julho, a primeira companhia americana a ultrapassar esse patamar.
Mesmo assim, o resultado do segundo trimestre representou o menor crescimento percentual de receita em mais de dois anos, alimentando a percepção de que o ciclo de expansão acelerada da IA pode estar perdendo fôlego.
