A Reag Investimentos (REAG3) e sua controladora, Reag Capital Holding, comunicaram nesta segunda-feira (1º) que iniciaram negociações para a venda do bloco de controle da Reag Investimentos, uma das maiores gestoras independentes do país.
O comunicado ocorre quatro dias após a empresa ser alvo de buscas da Polícia Federal (PF) na Operação Carbono Oculto, que apura um grande esquema de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC).
Segundo fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a holding “encontra-se em tratativas visando à potencial alienação do bloco de controle da Reag Investimentos com potenciais interessados independentes”.
O bloco em negociação representa aproximadamente 87% do capital social da gestora, atualmente detido pela Reag Holsa e pelo fundo Reag Alpha.
- Enquanto você lê esta notícia, outros investidores seguem uma estratégia validada — veja como automatizar suas operações também.
O CEO da Reag Investimentos, Dario Graziato Tanure, afirmou que a companhia manterá acionistas e o mercado informados sobre os desdobramentos das negociações.
O comunicado também foi assinado pelo diretor de Relações com Investidores da Reag Capital Holding, Lucas Dias Trevisan.
Negociações em andamento
Segundo as empresas, as tratativas incluem troca de informações sob acordo de confidencialidade e discussões preliminares sobre termos econômicos e contratuais.
A companhia ressaltou, no entanto, que “não há garantia de que as negociações resultarão na celebração de documento vinculante ou na consumação de qualquer transação, nem definição de preço, estrutura final ou cronograma”.
Conforme informações divulgadas pela imprensa, a empresa estaria em negociações com a Galapagos Capital, do ex-BTG Carlos Fonseca. Os nomes dos possíveis compradores, no entanto, não foram divulgados.
Em nota ao jornal O Globo, a Galapagos Capital negou que esteja em negociação para adquirir a Reag ou seus ativos.
Operação Carbono Oculto
Na última quinta-feira (28), a PF deflagrou a Operação Carbono Oculto, que realizou buscas nos escritórios da Reag na Avenida Faria Lima, em São Paulo, principal centro financeiro do país.
De acordo com as investigações, o PCC teria utilizado fintechs e fundos de investimento para movimentar recursos ilícitos em esquemas bilionários, incluindo fundos administrados pela Reag.
Segundo a PF, a estrutura criminosa desenvolveu mecanismos sofisticados para infiltrar capital ilícito em ativos regulados.
A Reag declarou que busca assegurar a continuidade de suas operações e reduzir riscos de impacto para investidores e clientes.
Fitch alerta sobre risco reputacional da Reag
A Fitch Ratings colocou os ratings da Reag Capital Holding em observação negativa, após a deflagração da operação policial e a abertura de investigações envolvendo a Reag Investimentos e a Ciabrasf.
Segundo a agência, as apurações sobre a suposta utilização de fundos para ocultação de patrimônio por organizações criminosas geram “incerteza jurídica e reputacional”.
A Fitch afirmou que “o risco reputacional representa uma ameaça ao modelo operacional do Grupo Reag em gestão de fundos e as investigações podem resultar em saídas significativas de clientes, comprometendo a geração de receitas”.
Outro ponto destacado foi a postergação das demonstrações financeiras desde o terceiro trimestre de 2024, o que limita a capacidade de avaliação da real condição financeira da empresa.
- Chega de operar no escuro: conheça a ferramenta que automatiza seus investimentos — acesse agora e fale com nosso time no WhatsApp.
A agência ressaltou, no entanto, que “até o momento não houve qualquer acusação formal às empresas do grupo Reag”.
Ainda assim, alertou que “apesar do posicionamento estratégico, da escala e da diversificação da base de clientes, o elevado risco reputacional decorrente das investigações em andamento pode levar a saídas relevantes de clientes em ambas as áreas de atuação, o que pode comprometer a evolução do modelo de negócios e os resultados do grupo”.