A Reag Capital Holding anunciou na noite desta terça-feira (7) o cancelamento de seu registro como companhia aberta à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A decisão marca oficialmente a saída da empresa no mercado de capitais após uma série de desinvestimentos e reestruturações em meio à Operação Carbono Oculto.
A megaoperação da Polícia Federal (PF) contra o Primeiro Comando da Capital (PCC), da qual a ex-controlada Reag Investimentos é alvo, apura um esquema bilionário de fraudes e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis, que teria envolvido fintechs, fundos de investimento e gestoras.
Após a saída da holding da Bolsa, a Reag Investimentos, que reúne as atividades de gestão de recursos em fundos, continua listada na B3 sob o ticker REAG3, com ações cotadas a R$ 2,25 cada.
- Seu investimento está REALMENTE protegido pelo FGC? Entenda de uma vez por todas aqui
Em fato relevante, a empresa comunicou: “Nesse sentido, em razão do cancelamento de registro, a companhia, a partir da presente data, passa a ser uma companhia fechada, não havendo alteração na sua composição acionária.” A decisão foi aprovada em assembleia de acionistas no fim de setembro.
Saída da CVM e mudança de categoria
Com a aprovação do pedido pela CVM, a Reag Capital deixa a categoria B, destinada a companhias que emitem valores mobiliários (como debêntures e cotas de fundos de investimento), mas não possuem ações negociadas na Bolsa.
Em nota, a empresa afirmou que o cancelamento do registro “reflete a estratégia de simplificação societária e de foco nos negócios em que possui maior diferencial competitivo” e que “a solidez da companhia ficou evidenciada tanto pela rapidez dos desinvestimentos quanto pelo interesse demonstrado por outras instituições do mercado em ativos da Reag Capital Holding”.
Desmonte da Reag Capital e venda de ativos
O fechamento de capital acontece em meio a um processo de desmonte das empresas controladas pela Reag Capital.
A holding, controlada por João Carlos Falbo Mansur, vinha vendendo seus principais ativos desde que as investigações da Operação Carbono Oculto atingiram suas controladas Reag Investimentos e Ciabrasf.
Poucos dias após a operação da PF, a Reag anunciou a venda da Reag Investimentos para a Arandu, empresa formada pelos principais executivos da própria gestora. O negócio envolveu a compra de 87,38% das ações detidas pela holding por cerca de R$ 100 milhões.
Na sequência, a holding firmou um acordo de exclusividade com a B100, controladora da Planner Corretora, para negociar a venda da Ciabrasf, administradora de fundos e serviços de custódia, que reúne cerca de R$ 340 bilhões sob administração.
Reestruturação societária da Reag Capital
O processo de reestruturação também envolveu mudanças na governança da Reag Capital. O fundador e presidente do conselho de administração, João Carlos Falbo Mansur, renunciou ao cargo na companhia de investimentos.
Deixaram também seus postos Altair Tadeu Rossato, conselheiro independente e membro do comitê de auditoria, e Fabiana Franco, diretora-financeira.
Operação Carbono Oculto e investigações
A Operação Carbono Oculto foi deflagrada em agosto pela Polícia Federal, Receita Federal e outros órgãos. Considerada a maior operação da história contra o crime organizado no Brasil, investigou um esquema de lavagem de dinheiro e fraudes na cadeia de produção e distribuição de combustíveis.
Segundo os investigadores, a Reag Investimentos teria sido usada para a criação de fundos destinados à compra de empresas e à blindagem patrimonial de integrantes do PCC.
- 🔥 Quem tem informação, lucra mais! Receba as melhores oportunidades de investimento direto no seu WhatsApp.
Em nota oficial, a Reag Capital negou qualquer envolvimento com atividades ilícitas: “A companhia nunca manteve, mantém ou manterá qualquer relação com grupos criminosos, incluindo o PCC, nem com quaisquer atividades ilícitas.”
“A companhia atua de forma estritamente regular, sempre em conformidade com a legislação vigente e sob rígidos padrões de governança, compliance e auditoria”, afirmou em sua defesa.
Em vídeo no canal do Monitor do Mercado no YouTube, Marcos de Vasconcellos, CEO do Monitor, explica vomo funcionava o suposto esquema de lavagem de dinheiro ligado ao PCC. Confira: