“Pior cenário possível” — foi assim que o JP Morgan e o Goldman Sachs descreveram o anúncio dos novos dividendos da Petrobras, feito nesta quinta-feira (7).
Bank of America, Bradesco e Santander, que ainda tinham recomendação de compra para as ações da petroleira (#PETR3; #PETR4) rebaixaram suas recomendações para “neutro”.
BTG Pactual e Jefferies ainda mantêm a recomendação de compra
O segundo maior lucro da história da Petrobras acabou não sendo comemorado pelo mercado financeiro, que se decepcionou com os números, com a política de dividendos e com o aumento do risco político da gigante da Bolsa.
Na abertura do mercado, a ação PETR4 já caía 12%. Entenda por que o mercado não gostou dos anúncios e veja quais as novas recomendações e preço-alvo para as ações da companhia:
Dividendos muito abaixo do esperado
A nova política de dividendos foi um dos principais pontos de crítica do mercado financeiro. Segundo o Goldman Sachs, a decisão é “surpreendentemente negativa” e o valor está muito abaixo da expectativa do mercado.
O mercado esperava cerca de US$ 3 bilhões (R$ 14,9 bilhões) em dividendos extraordinários, mas a Petrobras encaminhou a Assembleia Geral Ordinária (AGO), prevista para 25 de abril de 2024, uma proposta de distribuição de R$ 14,2 bilhões em dividendos e sem pagamentos extraordinários.
Segundo o Citi, a ausência de dividendos extraordinários tira o brilho dos resultados resilientes do 4º trimestre. JPMorgan diz que é o “pior cenário possível” para os investidores.
Já o Itaú afirma que a própria decisão eleva preocupações sobre a alocação de capital. A expectativa era de um rendimento de 3,2% sobre as ações, contra os 2,7% anunciados.
Bank of America afirma que a decisão eleva a percepção de risco na empresa.
Risco político em alta
O ritmo dos dividendos da Petrobras foi uma das principais preocupações quando o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito. O medo era de que o discurso de Lula, no qual fazia fortes críticas ao comando da Petrobras e o preço da gasolina, impactasse a gestão da empresa.
Lula chegou também a criticar a política de distribuição de dividendos da petroleira que, segundo ele, haveria de exercer uma função social além da corporativa, já que é uma estatal.
Agora, o pesadelo do investidor se tornou realidade – acabou a farra dos dividendos da Petrobras. E isso aumentou a preocupação com a influência do governo no alto comando da companhia.
O Bank of America confirma: há preocupações sobre a influência do governo nas principais decisões de alocação de capital. A decisão também sugestiona que a empresa pode estar se movendo para uma agenda mais voltada para o crescimento, com aumento de despesas de capital, fusões e aquisições.
Para o JP Morgan, o anúncio configura uma quebra de confiança no comando da empresa.
Em resposta, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, publicou no X (ex-Twitter) que falar em “intervenção na Petrobras” é querer criar dissidências, especulação e desinformação.
“É preciso de uma vez por todas compreender que a Petrobras é uma corporação de capital misto controlada pelo Estado Brasileiro, e que este controle é exercido legitimamente pela maioria do seu Conselho de Administração. Isso não pode ser apontado como intervenção!’, afirmou.
Análise do balanço
O lucro líquido da Petrobras em 2023 atingiu R$ 124,6 bilhões, o segundo melhor resultado de sua história, conforme divulgado pela estatal na noite desta quinta-feira (8).
Apesar disso, o valor representa uma queda de 33,8% em relação ao ano anterior, principalmente devido à redução no preço internacional do petróleo, ficando abaixo do esperado pelo mercado (chamado consenso).
O lucro líquido veio acima das projeções do Citi.
Com os números, o Bradesco mudou suas projeções de dividendos extraordinários em 2024 – de US$ 5 bilhões para US$ 2 bilhões – e do rendimento de dividendos para 2024 – de 12% para 9%.
Segundo o próprio banco, a mudança na projeção pode levar os investidores estrangeiros a escolherem outras petroleiras de países emergentes na hora de alocar seu capital.
Novas recomendações e preço-alvo
Apenas 3 das grandes casas de análise mantiveram sua recomendação de compra para as ações da Petrobras: BTG Pactual, Goldman Sachs e Jefferies.
Segundo o BTG, são dois pilares que seguram sua recomendação. O primeiro é que a estimativa do mercado para o caixa de 2024 é conservadora e há a possibilidade de uma maior produção com um menor investimento.
O segundo é que “os mecanismos de governança corporativa da Petrobras podem prevalecer”, o que indica que essas movimentações não serão vistas no curto prazo.
Já o Jefferies afirma que a decisão de cortar os dividendos extraordinários parece mais política do que financeira. Veja todas as recomendações:
- Santander: Rebaixou de compra para neutra. Preço-alvo: R$ 47
- Citi: Mantém neutra. Preço-alvo US$ 14 (#PBR)
- Bank of America: Rebaixou de compra para neutra. Preço-alvo: de R$ 48 para R$ 38 (#PETR4)
- Jefferies: Mantém compra. Preço-alvo: US$ 21 (#PBR)
- Bradesco: Rebaixou de compra para neutrá. Preço-alvo: foi de R$ 48 para R$ 41 (#PETR4)
- JP Morgan: Mantém neutra. Preço-alvo US$ 18,50
- Safra: Mantém neutra. Preço-alvo: R$ 34 (#PETR3; #PETR4)
- Goldman Sachs: Mantém compra. Preço-alvo US$ 19,70 (#PBR)
- Itaú BBA: Mantém neutra. Preço-alvo de R$ 38 (#PETR4)