Os Estados Unidos registraram um déficit comercial de US$ 140,5 bilhões em março, um aumento de US$ 17,3 bilhões em relação a fevereiro, quando o déficit foi revisado para US$ 123,2 bilhões, segundo dados divulgados pelo Departamento do Comércio nesta terça-feira (6).
Esses números revelam o maior déficit mensal desde o início da série histórica em 1992, enquanto analistas esperavam um resultado de US$ 137,6 bilhões, segundo o Wall Street Journal.
O déficit no comércio de bens, que isoladamente, subiu 9,6% no período, atingiu US$ 162 bilhões, também considerado um nível recorde na balança comercial dos Estados Unidos.
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Importações disparam antes de tarifas de Trump
As importações totais subiram para US$ 419 bilhões, alta de US$ 17,8 bilhões no mês, refletindo uma antecipação de compras por parte das empresas. A expectativa era de novas tarifas comerciais no curto prazo, o que estimulou o movimento de estoque.
Entre os destaques, as importações de bens de consumo saltaram 27,5%, puxadas por produtos como roupas, eletrônicos e móveis. Também houve aumento nas compras de veículos automotores e bens de capital — como máquinas e equipamentos.
Por outro lado, as importações de insumos industriais caíram 13,5%, indicando possível desaceleração da atividade fabril.
Déficit comercial – exportações recuam com dólar alto
As exportações de março totalizaram US$ 278,5 bilhões, avanço modesto de US$ 500 milhões ante fevereiro.
Dentro do comércio de bens, os embarques aumentaram US$ 2,2 bilhões, para US$ 180,8 bilhões, com alta nas vendas de automóveis, alimentos e suprimentos industriais. Porém, houve retração nas exportações de bens de capital e de consumo.
A valorização do dólar em meses anteriores e tarifas retaliatórias de outros países podem estar limitando o desempenho das exportações americanas.
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Estoques aumentam no atacado
Parte das importações foi direcionada aos estoques (que fazem parte do cálculo do Produto Interno Bruto – PIB), em especial no setor atacadista. Os estoques no atacado subiram 0,5%, impulsionados por bens manufaturados e não duráveis.
No varejo, os estoques caíram 0,1%, repetindo o resultado de fevereiro. O recuo foi liderado pelas concessionárias de veículos, com queda de 1,1% nos estoques. Já excluindo automóveis e peças, houve crescimento de 0,4%.
Déficit comercial pressiona PIB do 1º trimestre
Economistas consultados projetavam crescimento de apenas 0,3% no primeiro trimestre de 2025, o mais fraco desde o segundo trimestre de 2022. Essa estimativa, no entanto, foi feita antes da divulgação dos dados de comércio e estoques.
O Federal Reserve de Atlanta, que atualiza previsões com base em dados em tempo real, já estima uma queda de 0,4% no PIB do trimestre, após ajustes no fluxo de importações e exportações. Se confirmado, será a primeira contração econômica trimestral em três anos.
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Incertezas aumentam com política comercial
Além das pressões geradas pelo déficit, há incertezas em relação à política tarifária dos EUA. Mudanças frequentes nas regras e tarifas durante o governo de Donald Trump afetaram o planejamento das empresas e contribuíram para a volatilidade no comércio exterior.
A possibilidade de novas disputas comerciais, especialmente com a China, pode agravar esse cenário e gerar impactos nos mercados financeiros, nos preços de commodities e na confiança de empresas exportadoras e importadoras.