O Banco Central Europeu (BCE) decidiu nesta quinta-feira (11) manter a taxa de depósito da zona do euro em 2%. Essa foi a segunda reunião consecutiva sem alterações, após um ciclo de oito cortes de juros iniciado em meados do ano passado.
As demais taxas também foram preservadas: a taxa de refinanciamento ficou em 2,15% e a taxa de empréstimo em 2,40%.
Em comunicado, a instituição destacou que “a inflação está atualmente em torno da meta de médio prazo de 2% e a avaliação do Conselho do BCE sobre as perspectivas de inflação permanece praticamente inalterada”.
Acrescentou ainda que “o Conselho não se compromete previamente com uma trajetória específica para as taxas de juros” e reforçou que os próximos passos dependerão da evolução dos dados econômicos.
Segundo a autoridade monetária, “o Conselho do BCE está pronto para ajustar todos os seus instrumentos dentro do seu mandato, a fim de garantir que a inflação se estabilize na sua meta de 2% a médio prazo e preservar o bom funcionamento da transmissão da política monetária”.
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Economia mostra resiliência
Em coletiva de imprensa após a divulgação da decisão sobre os juros, a presidente do BCE, Christine Lagarde, afirmou que “os dados do PIB refletem a antecipação do primeiro trimestre e que a economia cresceu devido à resiliência da demanda interna”.
Ela destacou que “pesquisas recentes apontam para crescimento tanto no setor de manufatura quanto no de serviços” e que “o mercado de trabalho continua sendo uma fonte de força”.
Projeções do Banco Central Europeu para a inflação
Além da decisão de política monetária, o BCE apresentou novas estimativas para a inflação subjacente, indicador que exclui energia e alimentos por serem mais voláteis. As projeções são de 2,4% em 2025, 1,9% em 2026 e 1,8% em 2027.
Já a expectativa de crescimento econômico da zona do euro foi revisada para 1,2% neste ano.
Perspectivas do BCE para 2026
Lagarde declarou que “tarifas mais altas, o euro mais forte, concorrência para frear o crescimento e obstáculos ao crescimento devem desaparecer no ano que vem”.
A dirigente acrescenta que “o impacto dos acordos comerciais ficará mais claro com o tempo e que pactos recentes reduziram a incerteza. Segundo ela, é essencial dar seguimento às recomendações do Relatório Draghi.
Banco Central Europeu avalia inflação e riscos
Sobre os preços, Lagarde avaliou que os indicadores de inflação subjacente são compatíveis com a meta de 2% e que indicadores prospectivos sugerem que o crescimento salarial irá moderar ainda mais.
Ela também afirmou que os riscos ao crescimento econômico estão mais equilibrados, que um euro mais forte pode fazer a inflação cair mais do que o esperado. Além disso, considerou que a perspectiva para a inflação é mais incerta do que o normal.
Para o BCE, a inflação básica deve cair devido à pressão decrescente sobre os custos trabalhistas e ao euro mais forte.
“Processo desinflacionário acabou”
Lagarde foi enfática ao dizer: “O processo desinflacionário acabou. Continuamos em uma boa posição, a inflação está onde queremos que esteja. A economia doméstica mostra resiliência”.
Apesar disso, a presidente observou que, embora a projeção oficial de inflação tenha subido de 2% para 2,1%, esse leve desvio em relação à meta não significa necessariamente uma mudança imediata na política monetária.
Segundo ela, o BCE confirmou em sua estratégia de política monetária que “o desvio mínimo da meta não justificará necessariamente nenhum movimento específico”.
Questionada se o ciclo de cortes de juros no BCE terminou, Lagarde respondeu que dependerá de dados e será decidido a cada reunião.
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Contexto geopolítico e decisão anterior
O tom cauteloso do BCE ocorre em meio ao aumento das tensões geopolíticas na Europa. A Rússia intensificou ataques contra a Ucrânia nas últimas semanas, reduzindo expectativas de cessar-fogo.
Na França, a queda do governo do primeiro-ministro François Bayrou gerou turbulência doméstica. Além disso, permanecem dúvidas sobre os impactos do último acordo comercial alcançado com os Estados Unidos.
Em julho, na reunião anterior, o BCE havia interrompido o ciclo de afrouxamento monetário iniciado em 2024, que levou a oito cortes consecutivos nas taxas de juros.