Não é de hoje que a expansão da tecnologia chinesa pelo mundo preocupa os Estados Unidos. A primeira “vítima” foi a Huawei, que, em 2019, sofreu limitações em seus serviços graças ao veto de Donald Trump, presidente dos EUA na época. Agora, a preocupação é com o TikTok, rede social chinesa que se popularizou pelos seus vídeos curtos e dancinhas.
Em 2019, o governo Trump decretou proibição para que empresas americanas fizessem negócios com empresas estrangeiras do setor de telecomunicações, que foram consideradas perigosas para a segurança nacional. De acordo com o presidente, essas empresas estariam fazendo serviços de espionagem para a China.
A medida tinha como principal alvo a Huawei, que havia vendido 59,1 milhões de smartphones naquele ano. Esse número a deixou na posição de 2ª maior empresa deste setor, superando a americana Apple (que ocupava o 2º lugar por anos) e ficando atrás da líder empresa sul-coreana Samsung, que se encontrava no 1º lugar do ranking.
Com essa proibição, a Google cortou laços com a Huawei, que foi obrigada a fazer uma loja própria de aplicativos para seus celulares. Isso, claro, afetou diretamente nas vendas da empresa, que perdeu relevância no mercado global.
A partir dessa decisão, os usuários da Huawei ficaram sem serviços Google para aparelhos futuros. O Huawei P30 Pro, lançado em 2019, foi o último celular da marca a ter Play Store, Gmail e outros aplicativos da Google.
Ainda era possível baixar os aplicativos de forma “clandestina”, mas fazer esse procedimento expunha o usuário a diversos riscos, principalmente vulnerabilidade a ataques hackers ou aplicativos maliciosos (tornando impossível usar aplicativos de banco ou outros recursos que exijam maior segurança).
História se reverte
Se os celulares da Huawei perderam lugar fora da China, a empresa não estaria disposta a perder seu posto mais uma vez, agora em um país em específico.
Em 2023, a Huawei introduziu um novo smartphone (Mate 60 Pro) com capacidades de conexão ultra-rápidas, consolidando sua posição como concorrente direto da Apple no mercado chinês. Já nas primeiras semanas de 2024, as vendas de iPhone na China caíram 24%, por conta da popularidade da Huawei no país, que teve as vendas dos seus celulares saltando em 64%.
Preocupação de agora é o TikTok
Após “se livrarem” da expansão da Huawei, o TikTok pode ser o próximo a ser boicotado pelo governo americano. Há acusações, por parte dos EUA, de que o aplicativo teria influenciado os resultados das eleições no país (por disseminação de conteúdo falso). Além disso, o governo americano também acusa o aplicativo de espionagem (assim como aconteceu com a Huawei), dizendo que dados pessoais dos usuários do TikTok estão sendo acessados pelo governo chinês.
O país teme que a China possa utilizar as informações de mais de 170 milhões de usuários americanos da plataforma. O TikTok, por sua vez, nega que utilize dados de seus usuários para espionagem.
Com todas essas preocupações, o presidente dos EUA, Joe Biden, sancionou nesta quarta-feira (24) um projeto de lei que ordena que o TikTok, controlado pela empresa chinesa ByteDance, tenha um novo dono nos Estados Unidos.
Com isso, a ByteDance terá 270 dias para encontrar um comprador das operações do TikTok no país. Esse prazo poderá ser renovado por mais 90 dias. Caso contrário, a rede social terá que deixar o mercado americano.
No sábado (20), a Câmara dos Estados Unidos aprovou a nova versão de lei por 360 votos a 58. O novo texto dava mais tempo para o TikTok encontrar um comprador. O Senado deu aval para o PL na noite desta terça-feira (23) e, para valer, só dependia da sanção de Biden.
Caso a empresa não cumpra a decisão americana e não encontre um comprador, as big techs Apple e Google terão que remover o TikTok de suas lojas de aplicativo, App Store e Play Store, respectivamente.
O presidente-executivo do TikTok, Shou Zi Chew, disse após a sanção de Biden que a empresa espera vencer uma contestação judicial contra a legislação.
Imagem: Gerador IA do Bing