O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), atingiu nesta quinta-feira (8) o maior nível da sua história, marcando 137.634 pontos na máxima do dia. Às 15h27, o índice operava em alta de 2,76%, aos 137.081,84 pontos.
A valorização acontece após a elevação da taxa Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom) e com o impulso de balanços corporativos positivos, com destaque para as ações ordinárias e preferenciais do Bradesco, que lideram as maiores altas Ibovespa desde o início da sessão.
A expectativa do afrouxamento do ciclo de alta da Selic e o possível acordo comercial entre Estados Unidos e China no final de semana também ajudaram no desempenho do índice.
Em Nova York, o mercado segue em alta mais atenuada, com Dow Jones ganhando 1,13%; o SP 500 avançando 1,17% e o índice Nasdaq se destacando, com alta de 1,67%.
Enquanto isso, o dólar recua 0,96%, negociado a R$ 5,69, refletindo a menor atratividade da moeda americana diante do cenário econômico.
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Copom eleva Selic e adota tom mais brando
Nesta quarta-feira (7), o Banco Central (BC) elevou a Selic em 0,5 ponto percentual, para 14,75% ao ano, em linha com as expectativas do mercado.
O comunicado que acompanhou a decisão trouxe uma avaliação cautelosa sobre o cenário internacional, citando incertezas econômicas, especialmente nos Estados Unidos, por conta da nova rodada de tarifas anunciada pelo presidente Donald Trump.
Apesar disso, o BC não indicou novas altas e evitou dar “guidance”. Para analistas, o tom mais moderado sugere que o ciclo de aperto monetário pode estar perto do fim.
Ibovespa sobe impulsionado por Bradesco
O resultado financeiro do Bradesco foi um dos principais gatilhos para a alta do Ibovespa. O banco reportou lucro líquido recorrente de R$ 5,86 bilhões no primeiro trimestre de 2025 — aumento de 39,3% em relação ao ano anterior e 8,6% superior ao último trimestre de 2024.
Com isso, as ações do Bradesco disparam: BBDC3 sobe 14,72%, a R$ 13,48 e BBDC4 avança 16,02%, a R$ 15,13.
Outro destaque é a Azzas 2154 (AZZA3), que salta 20,73%, a R$ 38,03. A empresa reportou lucro líquido de R$ 117,8 milhões no trimestre, alta de 46,9% em relação ao mesmo período de 2024. Na visão recorrente, que desconsidera fatores extraordinários, o lucro foi de R$ 117,7 milhões, crescimento de 15,6% em base anual.
Na outra ponta, Minerva (BEEF3) lidera as perdas do dia, com queda de 5,19%, negociadas a R$ 5,30, após avançar 2,57% na sessão anterior.
Ganhos aumentam com fluxo estrangeiro
O movimento de valorização do Ibovespa em 2025 está ligado, entre outros fatores, à migração de capitais internacionais para mercados emergentes.
Com os ativos nos Estados Unidos em níveis historicamente elevados e sob incerteza comercial, investidores têm buscado oportunidades em países como Brasil, México, Colômbia e Chile.
O índice MSCI EM, que representa os mercados emergentes, acumula alta de quase 6% no ano. Já o Ibovespa acumula alta de mais de 11% em 2025.
A valorização do índice brasileiro em dólares no primeiro trimestre foi de 16,78%, colocando a bolsa brasileira entre os principais destaques globais, à frente de índices como o Nasdaq, que recuou 10,42% no mesmo período.
Segundo Gustavo Ferraz, especialista em investimentos da WIT Invest, a menor exposição do Brasil aos impactos diretos do tarifaço de Trump contribuiu para essa performance.
Além disso, o valuation da bolsa brasileira segue baixo, com o Ibovespa negociado a um múltiplo de 7 a 7,5 vezes o lucro das empresas — o que atrai investidores em busca de ativos descontados.
Dados dos EUA também favorecem o Brasil
A economia dos EUA registrou contração de 0,3% no primeiro trimestre de 2025, elevando os temores de recessão. A expectativa de menor crescimento no país reduz a atratividade do dólar e reforça o apetite por ativos em outros mercados.
Com a queda do dólar, o real se fortaleceu, o que ajuda a controlar as expectativas de inflação no Brasil.
O boletim Focus mostrou recuo na projeção da Selic para o fim de 2025: de 15% para 14,75%, após 16 semanas de estabilidade. Isso aumenta a expectativa de que o ciclo de alta de juros esteja no fim, ou de que cortes possam começar antes do previsto.
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Perspectivas para o Ibovespa em maio
Com o Ibovespa operando próximo do topo histórico e após fortes valorizações, analistas alertam para um possível movimento de correção no curto prazo.
Gustavo Ferraz afirma que o desempenho do índice em maio dependerá da continuidade da entrada de capital estrangeiro, da evolução das medidas comerciais de Trump e da percepção dos investidores em relação aos conflitos internacionais.
Ele destaca que o setor de petróleo foi o mais afetado em abril, com a queda do preço do barril, enquanto as Small Caps — empresas de menor valor de mercado — lideraram os ganhos. A continuidade desse movimento também pode influenciar o desempenho do índice no mês.
“Acreditamos em um mês de mais correção, com o mercado realizando parte dos lucros recentes”, diz Ferraz. “A atenção agora se volta para o comportamento dos investidores globais e novos sinais do Banco Central.”