A aplicação da inteligência artificial vem crescendo entre pequenas e médias empresas no Brasil. Antes restrita a grandes corporações, a IA passou a ser adotada como solução para vendas, controle de processos e gestão comercial.
Esse cenário é reforçado pela pesquisa “IA no mundo corporativo”, conduzida pela SAP, que mostra que 52% das empresas brasileiras têm uma percepção totalmente positiva sobre a IA, enquanto 27% também enxergam benefícios, mas com ressalvas.
Na América Latina, 43% dos respondentes estão muito otimistas, e 38% veem a tecnologia de forma positiva, embora com alguma cautela.
A expectativa de impacto da IA é ampla: 62% das empresas brasileiras e 63% das latino-americanas acreditam que a tecnologia afetará diretamente todos os setores da economia.
Segundo Vítor Nogueira, cofundador e CEO da SuasVendas, plataforma digital especializada em gestão comercial, a demanda por eficiência e clareza operacional impulsiona essa tendência.
“O pequeno empreendedor precisa tanto quanto, ou talvez até mais, de uma solução que ajude a controlar, vender e crescer com clareza”, afirma.
Brasil investe mais em tecnologia da informação
O Brasil registrou um crescimento de 17,6% nos investimentos em tecnologia da informação (TI) em apenas um ano, puxado pela expansão da infraestrutura digital e pelo uso crescente da inteligência artificial (IA).
A expectativa para 2025 é de alta de 9,5%, acima da média global de 8,9%, segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Software (ABES).
O país manteve sua posição como o 10º maior mercado mundial em investimentos em TI, e ampliou sua participação global no segmento de software e serviços de TI de 1,4% para 1,5%.
Na América Latina, o Brasil lidera os aportes no setor, seguido por México (22,1%) e Argentina (13,6%).
IA como motor de competitividade
Segundo Nogueira, a IA está sendo usada principalmente para automatizar tarefas repetitivas e operacionais, como atendimento inicial, qualificação de clientes e suporte via totens. Essas funções permitem que os colaboradores direcionem seus esforços para tarefas analíticas e estratégicas.
Ele destaca que 72% das empresas no mundo já adotaram IA em 2024, um avanço significativo frente aos 55% em 2023. Nogueira classifica a IA como disruptiva e afirma que as empresas, independentemente do porte, devem se atualizar.
Apesar do avanço, ele alerta para o risco de adoção precipitada, motivada por modismo. Segundo ele, é preciso atenção à real compatibilidade entre a ferramenta e a demanda do negócio.
Além disso, recomenda que empresas protejam informações sensíveis e considerem o uso de modelos open source ou soluções privadas de IA, em vez de depender exclusivamente de plataformas comerciais.
Outro ponto de atenção, segundo o executivo, é o perfil do mercado brasileiro, que consome mais tecnologia do que produz. Ele defende que as empresas nacionais devem ser mais proativas na criação de soluções e ampliar sua capacidade de exportação tecnológica.
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Modelo BTO transforma a gestão com apoio da IA
A digitalização dos negócios também impulsionou o surgimento de um novo modelo de gestão: o BTO (Business Transformation Outsourcing). Trata-se de uma evolução do BPO (Business Process Outsourcing), que deixa de apenas terceirizar processos para redesenhá-los com o uso de tecnologia avançada, IA e análise de dados.
Segundo Mauro Inagaki, CEO da B2Finance, empresa pioneira no modelo BTO no Brasil, o diferencial está na combinação entre tecnologia e inteligência humana.
“O BTO com IA cria estruturas híbridas: assistentes se tornam organizadores digitais, analistas interpretam dados com profundidade e gestores lideram times formados por humanos e agentes inteligentes”, afirma.
Neste formato, tarefas operacionais são eliminadas, enquanto atividades interpretativas e estratégicas ganham relevância. A IA, inserida em estruturas como o BTO, deixa de ser uma ferramenta isolada e passa a atuar como um agente transformador da cultura empresarial.
“O futuro do trabalho exigirá menos repetição e mais interpretação. Menos controle e mais confiança. Menos rigidez e mais reinvenção”, afirma Inagaki.