A alta dos preços do café tem redefinido os padrões de consumo da bebida entre os brasileiros, segundo a pesquisa “Café – Hábitos e Preferências do Consumidor (2019–2025)”, divulgada nesta segunda-feira (29).
Entre os entrevistados*, 24% dos consumidores reduziram o consumo neste ano, registrando a maior taxa da série histórica. Os brasileiros são os segundo maiores consumidores da bebida, depois dos norte-americanos.
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A pesquisa encomendada pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), conduzida pelo Instituto Axxus em parceria com o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e a Unicamp, revela que apenas 2% dos consumidores de café disseram ter aumentado a ingestão da bebida, contra 16% em 2023.
Para especialistas, o recuo está diretamente ligado ao aumento dos preços. Nos últimos dois anos, o café esteve entre os alimentos que mais subiram no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumulando alta superior a 50%.
Café ficou 82,24% mais caro em 12 meses
Segundo dados do IPCA de junho, o café moído encareceu 82,24% em 12 meses. No comparativo mensal, o aumento foi de 4,59% em relação a abril.
De acordo com a ABIC, em maio de 2024, o preço médio do quilo do café torrado e moído era de R$ 31,77. Neste ano, o valor alcançou R$ 69,29.
Mudança de perfil dos consumidores de café
Segundo a pesquisa, em 2019, 29% dos consumidores declararam beber mais de seis xícaras por dia. Já em 2025, esse grupo caiu para 26%. Por outro lado, os que tomam até duas xícaras aumentaram de 8% para 14%.
Segundo Sérgio Parreiras Pereira, pesquisador do IAC e coautor do estudo, “mesmo em um cenário de alta expressiva nos preços, o café segue presente no cotidiano dos brasileiros, mas de forma mais moderada e seletiva.”
“A pesquisa revela que o consumidor não abre mão da bebida, mas está adaptando seus hábitos ao novo contexto econômico”, completou.
Alternativas caseiras ao café de cada dia
A pressão no bolso também afeta a forma como o brasileiro passou a comprar café. Em 2025, 39% dos entrevistados passaram a optar pela versão mais barata, percentual mais que o dobro do registrado em 2023 (16%). Com essa decisão, a fidelidade às marcas também perdeu força.
O setor de serviços também foi impactado: a frequência dos consumidores às cafeterias caiu de 51% em 2023 para 39% este ano. Para muitos consumidores, preparar o café em casa passou a ser uma solução mais viável para economizar.
Já os atacarejos ampliaram sua participação no mercado, passando de 24,6% da preferência em 2023 para 28,2% em 2025. Já pequenos varejistas e cafeterias perderam espaço.
Também houve alteração no canal de informação sobre o café. No ambiente digital, o YouTube tornou-se a principal fonte, citado por 13,2% dos consumidores, superando redes sociais e até mesmo sites especializados.
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Selo de qualidade na embalagem mantém relevância
Apesar do cenário de preços altos e mudanças de comportamento, 87% dos entrevistados reconhecem o selo de qualidade da ABIC como referência de confiança.
“Mesmo em tempos de crise, o cliente final valoriza a segurança do alimento e a confiança representada pela nossa certificação”, disse Mônica Pinto, gerente de marketing da ABIC.
*No levantamento, 4.200 pessoas foram entrevistadas em todas as regiões do país, com estratificação por gênero, renda, idade e localidade.









