Por Ilana Berenholc*
Diante das recentes crises financeiras que têm abalado o mercado, gosto de dizer que o ambiente corporativo se assemelha a um jogo de xadrez, em que cada movimento do CEO deve ser cuidadosamente calculado.
Assim como no tabuleiro, é preciso considerar todas as peças: board, investidores, pares, equipes, imprensa e, dependendo do caso, órgãos reguladores.
São nesses momentos sensíveis que a liderança é testada. E, mesmo líderes mais experientes, tendem a questionar sua capacidade.
O que à primeira vista parece ser apenas uma questão de imagem é, na verdade, algo muito mais profundo: comportamento. A imagem não é a causa, mas a consequência.
Quando surgem nervosismo, ansiedade ou posturas defensivas, essa percepção se torna ainda mais distorcida, produzindo uma leitura de riscos que não é real, fazendo com que o papel da governança, que deveria ser claro, seja percebido como improviso.
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3 movimentos de autodirecionamento para liderança
Mas o que fazer nesses casos, onde o líder é o principal responsável por transmitir coerência em momentos de crise?
Primeiro, o líder precisa ser facilmente lido. As pessoas precisam ter facilidade de entender o que está acontecendo. Se comunica-se de forma complexa, isso complica tudo, e gerará mais tensão. A partir do momento que é entendido, as tensões e ansiedades já são minimizadas.
O segundo ponto é a firmeza de princípios. Qual a lógica por trás das decisões? Em um cenário super volátil, como posso dar um pouco de estabilidade para quem observa sob o ponto de vista de valores e critérios? A clareza é quem será a responsável por gerar confiabilidade.
Por fim, como você responde diante desses cenários é o que pode mudar o jogo. Reatividade sempre vai passar insegurança, assim como impulsividade ao responder. Essas não são as melhores estratégias.
O CEO precisa ser muito habilidoso no jogo político, mas também não pode parecer político demais. Por isso, é necessária uma presença na medida certa que pode, sim, ser desenvolvida antes de momentos de crise e acompanhada de perto em momentos emergenciais.
Incoerências são o filtro da desconfiança
No jogo político, a governança é quem estabelece as regras do jogo, o compliance vai garantir que seja praticado dentro das regras e a reputação como o público vai avaliar e ler o jogo. Mas o que regula tudo isso é o comportamento da liderança.
Qualquer distância entre o que o líder faz, pretende e o que ele de fato transmite, vai implicar na leitura de quão robusta é a governança e se existe um alinhamento entre narrativa e prática.
A menor incoerência entre um direcionamento claro e pequenas falhas que poderiam ser vistas apenas como inconsistência e ruído em outro momento, agora passam a ser observadas com o filtro da desconfiança.
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Por isso, se a confiança foi abalada, não adianta discurso, é preciso ver comportamento claro e princípios na figura do líder. Todos estarão focados em compreender se existe coerência no que ele fala e no que realmente faz.
Mais importante do que parecer, é ser: como no xadrez, é a consistência, não a aparência, que define o resultado no jogo corporativo.
*Ilana Berenholc é especialista em Presença Executiva e criadora do método As Seis Dimensões da Presença Executiva









