A economia do Reino Unido teve queda inesperada de 0,1% em maio, recuando pelo segundo mês consecutivo e aumentando a pressão para que o Banco da Inglaterra (BoE) reduza a taxa básica de juros, segundo dados divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas (ONS) nesta sexta-feira (11).
O resultado surpreendeu negativamente o mercado, que projetava uma alta de 0,1%, segundo pesquisa do The Wall Street Journal.
Em abril, o Produto Interno Bruto (PIB) já havia recuado 0,3%, marcando a maior queda desde outubro de 2023, puxado principalmente pela retração nas exportações para os Estados Unidos após o aumento de tarifas comerciais.
Com os dois meses seguidos de queda, o Reino Unido caminha para registrar contração no segundo trimestre de 2025, apesar do crescimento observado nos primeiros meses do ano.
- 🔥 Seu dinheiro pode render mais! Receba um plano de investimentos gratuito, criado sob medida para você. [Acesse agora!]
Na comparação anual, a economia britânica cresceu 0,7% no mês de maio, mostrando uma desaceleração em relação aos 0,9% registrados em abril.
Produção e construção puxam PIB para baixo
Segundo Liz McKeown, diretora de estatísticas econômicas do ONS, “a economia encolheu ligeiramente em maio, com quedas notáveis na produção e na construção, parcialmente compensadas pelo crescimento nos serviços”.
A produção industrial recuou 0,9% no período e no setor de manufatura a queda chegou a 1%, enquanto o setor de construção também apresentou retração.
Por outro lado, o setor de serviços apresentou leve crescimento, suavizando a queda geral da economia do Reino Unido.
PIB aumenta expectativa de corte nos juros
O Banco da Inglaterra (BoE) manteve a taxa básica de juros em 4,25% na última reunião, mas os dados fracos da economia em maio reforçam a expectativa de corte.
O mercado aposta que o BoE promoverá dois cortes de 0,25 ponto percentual até o fim do ano, encerrando 2025 com juros a 3,75%.
Em seu relatório semestral sobre estabilidade financeira, divulgado nesta semana, o banco reconheceu que a perspectiva de crescimento para 2025 está mais fraca e incerta.
“O risco e a incerteza associados às tensões geopolíticas, fragmentação do comércio global e pressões sobre os mercados de dívida soberana continuam elevados”, afirmou o presidente do BoE, Andrew Bailey.
Tarifas afetam demanda do Reino Unido
As exportações para os Estados Unidos, que haviam sofrido forte retração em abril, mostraram recuperação parcial em maio, com alta de 0,3 bilhão de libras (aproximadamente US$ 407 milhões).
O crescimento ocorreu após o Reino Unido firmar um acordo comercial com os EUA, apesar do estímulo considerado limitado, por focar principalmente na retirada de tarifas sobre a maioria dos carros importados.
Além disso, os EUA registraram superávit comercial em bens com o Reino Unido em 2024, o que reduz o impacto positivo do novo acordo.
Outro fator que contribui para a fragilidade nas exportações é a valorização da libra frente ao dólar, que torna os produtos britânicos mais caros para compradores internacionais, especialmente nos Estados Unidos.
- 📈 Quer investir como os grandes? Veja os ativos selecionados pelos especialistas do BTG – 100% grátis!
Consumo é pressionado por desemprego e impostos
O recuo da atividade também começa a refletir no mercado de trabalho: em maio, houve uma queda de 109 mil empregos, o pior resultado desde o início da pandemia de Covid-19, em 2020, limitando o consumo das famílias e acentuando a desaceleração da economia.
Fatores fiscais também afetaram a atividade econômica. O aumento do imposto de selo sobre imóveis, implementado em abril, resultou em queda na atividade jurídica ligada ao setor.
Além disso, houve alta nos custos de energia e no Seguro Nacional, aumentando o custo de vida e pressionando o consumo das famílias.
- 📩 Os bastidores do mercado direto no seu e-mail! Assine grátis e receba análises que fazem a diferença no seu bolso.
Setor imobiliário no Reino Unido dá sinais de melhora
Apesar do cenário econômico adverso, houve um sinal positivo no setor imobiliário britânico. Dados do Royal Institution of Chartered Surveyors (RICS), divulgados nesta quinta-feira (10), indicaram que as consultas de novos compradores se tornaram positivas em junho, com o primeiro avanço desde dezembro. As vendas acordadas também mostraram recuperação.
Nos últimos meses, o setor foi fortemente impactado após o aumento de impostos sobre transações imobiliárias, mas os números de junho sugerem que o impacto pode estar se dissipando.