O BTG Pactual mapeou os setores e empresas brasileiras que devem ser mais impactados pelas tarifas adicionais de 50% anunciadas pelos Estados Unidos. Embora o banco avalie que o efeito macroeconômico geral tende a ser limitado, produtos específicos como carne bovina, café e açúcar orgânico seguem expostos.
Os Estados Unidos são o maior destino do café brasileiro, com cerca de 16% das exportações totais nos últimos 12 meses, segundo o BTG. Na visão dos analistas do banco, a permanência do produto fora da lista de exceções pode forçar o redirecionamento ao mercado doméstico, o que tende a pressionar os preços locais.
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Para a Camil (CAML3), que atua como distribuidora, o BTG não espera impacto relevante sobre as margens. Ainda assim, a dinâmica de preços pode afetar o setor como um todo.
Carne bovina pode perder espaço nos EUA, segundo BTG Pactual
As exportações brasileiras de carne bovina fresca para os EUA cresceram nos últimos anos e, atualmente, representam cerca de 10% do total exportado. Com o novo patamar de tarifa, o BTG avalia que esses embarques podem se tornar economicamente inviáveis, mesmo considerando os cortes de menor valor destinados ao mercado americano.
Entre as empresas, a Minerva (BEEF3) é a mais exposta. As exportações aos EUA respondem por cerca de 5% da receita da companhia.
Parte do impacto pode ser mitigado com redirecionamento a partir de outras operações na América do Sul. No entanto, volumes excedentes devem ser destinados a mercados com preços mais baixos, o que pode pressionar os valores médios realizados.
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Açúcar orgânico deve ter impacto concentrado na Jalles Machado
A Jalles Machado (JALL3) exporta cerca de metade de seu açúcar orgânico para os Estados Unidos, segundo estimativas do BTG. A depender do repasse ou não das novas tarifas aos compradores, o impacto pode representar até 3% do EBITDA e 13% do EBIT no exercício fiscal de 2026.
Etanol perde relevância no mercado americano
O etanol também entra na lista de produtos afetados. A tarifa será elevada de 12% para 50%, mas os EUA já deixaram de ser o principal destino das exportações brasileiras. Hoje, representam apenas 16%, ante mais de 60% há cinco anos.
Segundo o BTG, como as importações de etanol estão atreladas à mistura obrigatória nos combustíveis dos EUA, é provável que o consumidor final absorva o custo adicional. A Coreia do Sul é atualmente o maior comprador do etanol brasileiro.
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BTG Pactual vê países mais como concorrentes do que parceiros
O banco observa que, para a maioria das commodities, Brasil e EUA atuam como concorrentes nos mercados globais, e não como parceiros comerciais diretos. Por isso, a exposição de forma agregada tende a ser limitada.
Entretanto, a decisão de não isentar itens como café e carne bovina chamou atenção, por se tratarem de bens de consumo amplamente utilizados nos EUA. Na visão do BTG, as tarifas podem gerar impacto inflacionário nos preços internos do país, especialmente se não forem rapidamente compensadas por outros fornecedores globais.