Após manter a taxa de juros em 15% na última Super Quarta, o Comitê de Política Monetária (Copom) reforçou o cenário de cautela nesta terça-feira (5). A ata do Copom indicou que a Selic deve permanecer em patamar elevado por um período “bastante prolongado” para conter a inflação e trazê-la para o centro da meta.
Segundo o colegiado, o cenário ainda exige uma política monetária contracionista, diante da resiliência da atividade econômica, da inflação de serviços e das expectativas de inflação acima da meta.
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Ata do Copom preocupada com inflação acima do centro da meta
As projeções do Copom para o IPCA continuam acima da meta em todos os prazos: 4,9% em 2025, 3,6% em 2026 e 3,4% no primeiro trimestre de 2027. Para os preços livres, a estimativa é de desaceleração de 5,1% neste ano para 3,3% no horizonte relevante. Já os preços administrados devem cair de 4,4% para 3,9%.
As estimativas partem de um cenário com taxa de câmbio iniciando em R$ 5,55 e trajetória de juros conforme o Boletim Focus, além da bandeira verde de energia em dezembro de 2025 e 2026. Os preços do petróleo seguem a curva futura por seis meses, com alta de 2% ao ano depois.
Ata do Copom evita sinalizar corte e mantém alerta sobre cenário externo
O comitê voltou a reforçar que poderá retomar o ciclo de alta de juros caso julgue necessário. “O Copom seguirá vigilante e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, afirma a ata.
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A política comercial dos Estados Unidos, com aumento de tarifas sobre produtos brasileiros, foi citada como fonte adicional de incerteza. O Copom vê impactos setoriais relevantes e riscos agregados ainda incertos, dependendo das negociações e da reação do mercado.
Mercado de trabalho sustenta consumo
Apesar da desaceleração no crédito, o mercado de trabalho segue aquecido. O Copom destaca a queda na taxa de desocupação e o crescimento da renda, fatores que continuam sustentando o consumo e dificultam o controle da inflação.
A inflação de serviços, associada à demanda, segue acima do nível compatível com a meta. Para o Copom, isso reforça a necessidade de manter a taxa de juros elevada por mais tempo.
Antecipação de corte é mais provável do que adiamento
Para o economista-chefe da XP, Caio Megale, o Copom evitou sinalizar cortes de juros e reforçou que ainda há trabalho a ser feito para conter a inflação. “O comitê se esforçou para sinalizar que o trabalho da política monetária está longe de concluído e que ainda é necessária cautela adicional à frente”, afirmou.
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Segundo Megale, a inflação deve arrefecer no segundo semestre, com ajuda da queda nos preços no atacado e da perda de fôlego da atividade. Ele também destaca que os dados recentes do mercado de trabalho dos Estados Unidos reforçam a possibilidade de o Federal Reserve antecipar o início dos cortes de juros.
A projeção da XP é que o Banco Central inicie cortes na Selic em janeiro de 2026, com um primeiro ajuste de 0,50 ponto percentual, seguido por outros quatro cortes de mesma magnitude, levando a taxa para 12,50% ao ano.