O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou novas tarifas sobre importações nesta segunda-feira (29). Dessa vez, o tarifaço é destinado ao setor madeireiro, recaindo sobre madeira bruta, serrada e móveis.
Essa decisão ocorreu por meio de um decreto presidencial e entra em vigor a partir de 14 de outubro, devendo impactar a construção civil, o setor moveleiro e o mercado imobiliário americano.
As novas tarifas também atingem diretamente o setor exportador brasileiro.
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Tarifas de Trump pressionam mercado moveleiro global
As tarifas definidas por Trump serão de 10% sobre madeira e madeira serrada importadas e de 25% sobre armários de cozinha, banheiro e móveis estofados.
Além dessas alíquotas que passarão a ser cobradas no próximo mês, a partir de 1º de janeiro de 2026, elas serão reajustadas em 30% para armários e em 50% para móveis estofados.
Em publicação na rede Truth Social, Trump afirmou: “Na minha opinião, as ações desta proclamação irão, entre outras coisas, fortalecer as cadeias de suprimentos, reforçar a resiliência industrial, criar empregos de alta qualidade e aumentar a utilização da capacidade doméstica de produtos de madeira, de modo que os Estados Unidos possam satisfazer totalmente o consumo doméstico e, ao mesmo tempo, criar benefícios econômicos por meio do aumento das exportações.”
Trump alega questão de segurança nacional
As tarifas foram aplicadas com base na Seção 232 da Lei de Comércio de 1974, que permite esse tipo de medida em casos de ameaça à segurança nacional.
De acordo com a proclamação assinada pelo presidente, as importações estariam enfraquecendo a economia americana, provocando o fechamento de serrarias e reduzindo a utilização da capacidade produtiva doméstica.
O texto também afirmou que a madeira é utilizada em aplicações estratégicas, como alojamentos militares, transporte de munições, sistemas antimísseis e veículos de reentrada nuclear.
Trump taxa madeira e móveis do Brasil, Canadá e Vietnã
As tarifas sobre importações de madeira derivados afeta diretamente o comércio de países como o Brasil, Canadá, México e Vietnã, que são importantes fornecedores de madeira e móveis para o mercado norte-americano.
- Canadá: produtores já enfrentam tarifas combinadas de aproximadamente 35% envolvendo disputas ligadas à madeira extraída de terras públicas.
- Vietnã: o anúncio cria incertezas sobre o acordo comercial firmado em julho com os EUA, que previa tarifa de 20% e ainda não foi formalmente documentado.
- Brasil: o país exporta US$ 1,6 bilhão por ano em madeira e móveis para os EUA, destino que concentra cerca de 50% da produção nacional. Em alguns segmentos, a dependência do mercado norte-americano chega a 100%.
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Impacto das tarifas sobre as exportações do Brasil
Segundo a Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente), o setor já enfrenta dificuldades desde a primeira rodada de tarifas anunciada em julho.
De 9 de julho a 15 de setembro, foram registradas aproximadamente 4 mil demissões. Além disso, 5,5 mil trabalhadores estão em férias coletivas e 1,1 mil em layoff.
Para o país, as tarifas reduzem a competitividade da indústria nacional, especialmente em segmentos como compensados e madeira maciça.
A entidade já projeta a perda de mais 4,5 mil postos de trabalho nos próximos 60 dias: “Esse cenário é confirmado também pelas exportações de agosto que, em comparação com julho, apontam quedas de 35% a 50% no volume embarcado para os Estados Unidos de alguns dos principais produtos de madeira processada”, destacou a Abimci em nota publicada em 16 de setembro.
Dependência do mercado externo
Embora os EUA tenham cerca de 300 bilhões de árvores, especialistas apontam que o país não tem capacidade industrial para atender toda a demanda interna. Atualmente, 30% da madeira macia consumida no país vem do Canadá.
Os preços atuais dos produtos já refletem a política tarifária: segundo o Bureau of Labor Statistics (BLS), os móveis ficaram 4,7% mais caros desde agosto em relação ao mesmo mês do ano anterior, registrando um aumento de 9,5% nos preços de móveis para sala de estar e de jantar.
A China e o Vietnã, juntos, exportaram US$ 12 bilhões em móveis e utensílios para os EUA no último ano. Trump afirmou que essas importações inundam o mercado americano e prejudicam os fabricantes locais.
“É uma prática muito injusta, mas devemos proteger, por questões de Segurança Nacional e outros motivos, nosso processo de fabricação”, disse o presidente em publicação na semana passada.
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Reação do mercado às tarifas sobre o setor madeireiro
As ações de grandes varejistas como Wayfair (W), RH (RH) e Williams-Sonoma (WSM) recuaram após o anúncio das tarifas, refletindo a preocupação dos investidores com custos mais altos e pressão sobre a demanda.
Trump citou ainda a Carolina do Norte como exemplo de estado americano prejudicado pela concorrência externa no setor moveleiro.
As tarifas sobre madeira e móveis são a primeira de três medidas anunciadas por Trump. Ele adiantou que produtos farmacêuticos patenteados e caminhões pesados também receberão novas tarifas em outubro.