A demanda por petróleo na China está sendo influenciada por fatores inesperados. Apesar de parecer estranho, o consumo de petróleo não tem sido liderado por grandes empresas automobilísticas (como GM e Toyota), mas sim por duas gigantes do e-commerce: Shein e Temu, noticiou o site Bloomberg Línea.
De casa nova
Essa alta no consumo de petróleo na China diz muito sobre como o setor petroquímico está de “casa nova”. Se antes a demanda era atendida por importações do Japão, Coreia do Sul, Golfo Pérsico e Europa, hoje, a China está na liderança.
O país está expandindo sua capacidade de produção de insumos químicos, o que pode impactar as exportações de outros países. Empresas como Rongsheng Petrochemical e Hengli Petrochemical estão liderando essa transformação, investindo bilhões em fábricas especializadas e resultando em superávits em produtos químicos e desafios para concorrentes globais.
Para se ter uma ideia, estima-se que a capacidade de produção adicional do país para os principais insumos químicos de etileno e propileno irá superar o que existe atualmente na Europa, no Japão e na Coreia do Sul juntos. “A demanda global de petróleo, excluindo as matérias-primas petroquímicas, continua menor do que em 2019 e cresceu pouco desde 2017”, disse o analista do mercado de petróleo da AIE (Agência Internacional de Energia), Ciaran Healy.
Petróleo para Shein e Temu
Mas qual a relação disso com as gigantes do e-commerce? Simples, o petróleo/plástico é usado como matéria-prima para criação de diversos produtos que são vendidos nestes sites, desde “bugigangas” a vestuário.
Para entender melhor, estima-se que a produção de fibras sintéticas da China aumentou em 21 milhões de toneladas entre 2018 e 2023. Essa quantidade seria o suficiente para fabricar mais de 100 bilhões de camisetas por ano.
Fast Fashion
Apesar dos números parecerem absurdos, isso muito tem a ver com as influências no mundo da moda, especialmente na era digital. Quem sente que precisa se “atualizar” com as mudanças constantes de estilo difundidas por influenciadores e pelas redes sociais, procura encontrar rapidamente as opções mais convenientes — e acessíveis — à sua disposição. É nessas que sites de e-commerce (como Shein e Temu) entram como a opção perfeita: peças de baixo custo, qualidade inferior e produzidas em grande escala (descrições que encaixam no conceito de ‘Fast Fashion’).
Esse modelo de negócio ganhou destaque com o termo ‘Fast Fashion’ pela primeira vez em um artigo do New York Times de 1989, que descrevia a inauguração da primeira loja Zara nos Estados Unidos. Segundo o jornal, a marca buscava que o ciclo de design e conceituação das peças até chegarem aos consumidores fosse concluído em apenas 15 dias.
Mas essa popularização não tem a ver apenas com alguém, numa telinha, dizendo para comprar um novo conjunto. Os designs de Fast Fashion são geralmente inspirados (ou, até mesmo, copiados) em looks luxuosos usados por celebridades. O sentimento de querer ficar parecido com aquilo atrai o consumidor.
Imagem: Piqsels