Após semanas de expectativa em torno do pacote de corte de gastos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, divulgou em pronunciamento na noite desta quarta-feira (27) a proposta que terá impacto econômico de R$ 71,9 bilhões entre 2025 e 2026. No entanto, quem brilhou no anúncio foi a isenção do Imposto de Renda, que será ampliada para quem recebe até R$ 5 mil mensais.
Entre 2025 e 2030, o impacto será de R$ 327 bilhões, segundo o ministro. Confira abaixo a estimativa anual dos cortes divulgadas por Haddad na manhã desta quinta-feira (28) em coletiva:
- 2025: R$ 30,6 bilhões;
- 2026: R$ 41,3 bilhões;
- 2027: R$ 49,2 bilhões;
- 2028: R$ 57,5 bilhões;
- 2029: R$ 68,6 bilhões;
- 2030: R$ 79,9 bilhões.
Para compensar a isenção, o governo planeja elevar a tributação para quem recebe acima de R$ 50 mil por mês, conforme explicou o ministro, em pronunciamento oficial.
Outros pontos do anúncio do pacote de gastos
Além do ajuste no IR, o pacote prevê mudanças no abono salarial. A partir de 2025, o benefício será limitado a quem recebe até 1,5 salário mínimo (o equivalente a R$ 1.980 atualmente), com uma transição assegurando o valor de R$ 2.640 nos próximos anos. O valor será corrigido pela inflação nos próximos anos.
Outro ponto do anúncio é o envio de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) ao Congresso, com impacto de R$ 11,1 bilhões em 2025 e de R$ 28,4 bilhões até 2030.
O pacote também visa proteger o emprego e aumentar o poder de compra da população, segundo Haddad. “Reafirmamos nosso compromisso com as famílias brasileiras e o crescimento sustentável da economia”, afirmou.
Reações do mercado ao corte de gastos
Analistas demonstraram uma reação mista ao anúncio do pacote de gastos do governo federal. Apesar de reconhecerem avanços em propostas como o controle de benefícios tributários e a implementação de um teto salarial no setor público, considerados passos na direção correta, especialistas apontaram que a economia estimada de R$ 70 bilhões é desafiadora de atingir.
Além disso, o esforço do governo em alinhar o salário mínimo ao arcabouço fiscal foi destacado como um compromisso relevante com o equilíbrio das contas públicas.
Entretanto, a ausência de detalhes claros sobre como os cortes serão implementados levantou preocupações. Medidas como a tributação de fundos exclusivos foram vistas com ceticismo, uma vez que podem desestimular investimentos e gerar volatilidade no mercado.
A ampliação da isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil, apesar de bem recebida politicamente, foi questionada por potencialmente criar um impacto fiscal significativo caso as compensações previstas não sejam efetivadas.
O mercado aguarda mais detalhes, esperados durante as explicações do governo nos próximos dias. Para especialistas, a clareza nas próximas etapas será essencial para atenuar as incertezas e assegurar a viabilidade política e econômica do pacote.