Em relatório divulgado após o resultado eleitoral, a XP aposta em continuidade da volatilidade que persistiu nas últimas semanas. As ações de estatais deverão perder terreno, enquanto papéis dos setores de educação, varejo e construção poderão subir.
Na semana passada, os ativos brasileiros tiveram desempenho fraco e inferior ao dos mercados globais. O Ibovespa caiu 4,5% e o real desvalorizou 2,5%, com o mercado precificando menores chances de reeleição do presidente Bolsonaro. As ações das empresas estatais estiveram entre as maiores quedas, já que tanto a Petrobras (PETR4) quanto o Banco do Brasil (BBAS3) caíram mais de 13% durante a semana.
Por outro lado, as ações do setor de educação tiveram um forte desempenho, com Yduqs (YDUQ3) subindo 22% e Cogna (COGN3) 9%. Algumas ações do varejo e construtoras de baixa renda também tiveram bom desempenho, com a Magalu (MGLU3) com uma alta de 5,5% e MRV (MRVE3) com alta de 5,2%. Esses são os setores que tendem a ser favorecidos na presidência de um governo do presidente Lula: varejo, construtoras de baixa renda e educação.
“Esse deve ser o tom do mercado nos próximos dias, e as ações das estatais devem continuar voláteis, dada a persistente incerteza em relação às suas políticas futuras. No caso do Banco do Brasil (BBAS3), essas questões giram em torno das linhas de concessão de crédito subsidiadas. Para a Petrobras (PETR4), as principais questões são em relação à futura política de precificação de combustíveis, bem como seus programas de investimentos futuros”, aponta o documento.
A XP destaca que vale atenção à volatilidade do real em relação ao dólar nas próximas semanas, além da curva de juros futura, que precifica a trajetória da política monetária brasileira adiante.
“Em termos de alocação, viemos preparando as carteiras recomendadas nos últimos meses para atravessar o período eleitoral, já considerando um cenário no qual o Brasil passará por desafios no que tange os gastos públicos e a política fiscal como um todo a partir de 2023. Isso provavelmente implicará em uma inflação mais alta nos próximos anos, bem como taxas de juros (nominais e reais) também mais elevadas, ainda não precificadas nas curvas. Esperamos também efeitos no câmbio, que poderia se depreciar, sendo potencializado por uma política monetária mais austera já em curso por parte do Fed”, completa.
“Dessa forma, não sugerimos mudanças radicais e abruptas nos portfólios, porém, ao longo dos próximos meses, se confirmando a convergência para o cenário acima, podemos esperar carteiras que mantenham parcelas expressivas em renda fixa, com predileção por pós-fixados e títulos IPCA+ (vencimentos curtos e médios, até 5 anos). Além disso, devemos aumentar gradativamente a parcela de exposição ao dólar, porém com bastante cautela de quais instrumentos utilizaremos, uma vez que o cenário global também passa por desafios por conta de uma provável recessão”, conclui.
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