A fusão estudada entre as companhias aéreas Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) segue longe de ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), mas agora conta com um aceno positivo do governo.
Em entrevista à Reuters, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, afirmou que o acordo fortaleceria o setor e evitaria que qualquer uma das empresas falisse. Segundo ele, o governo apoia a união para preservar empregos, fortalecer a aviação e aumentar a conectividade no Brasil.
Nesta manhã, os papéis das duas companhias operam em alta, reagindo às falas favoráveis de Costa Filho. Há pouco, AZUL4 avançava 1,08%, a R$ 4,66 e GOLL4 avançava 3,51%, a R$ 1,77.
Governo espera passagens mais acessíveis
Segundo a Reuters, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem acompanhado as negociações de perto e vê na fusão uma oportunidade de garantir que nenhuma companhia aérea deixe de operar no Brasil. Lula apoia o acordo como forma de “escalar” o setor e tornar as passagens mais acessíveis à população.
A nova companhia, caso formada, planeja operar mantendo as marcas separadas, mas com propriedade unificada, sinalizando uma abordagem estratégica para consolidar o mercado de aviação no Brasil.
Azul e Gol dominariam o mercado doméstico
Se concretizada, a fusão criaria uma companhia dominante no mercado doméstico, com 60% de participação, superando a LATAM (40%). Apesar disso, surgem preocupações com os efeitos sobre a concorrência e os custos das passagens aéreas.
Jerome Cadier, presidente da LATAM no Brasil, e Gesner Oliveira, ex-presidente do Cade, destacaram que o consumidor pode ser prejudicado, com potenciais aumentos de preços e redução da concorrência.
O superintendente do Cade, Alexandre Souza, afirmou que a fusão será analisada com rigor, e o processo pode ser concluído até 2026.
Recuperação do setor aéreo
Nos últimos anos, as companhias têm enfrentado desafios financeiros significativos, sendo a que a Azul renegociou dívidas com arrendadores, convertendo parte dos valores em participação acionária. Por outro lado, a Gol entrou com um pedido de Chapter 11 (equivalente à recuperação judicial) nos Estados Unidos no início de 2024.
Segundo Costa Filho, a união poderia gerar economias de escala, menores custos de crédito e maior eficiência operacional. Ele ainda acredita que o aumento da capacidade pode reduzir os preços das passagens, em linha com declarações do CEO da Azul, John Rodgerson, que vê a expansão de oferta como chave para lidar com custos.
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Já analistas do JPMorgan apontam que a baixa sobreposição de rotas entre as duas empresas é um fator positivo, o que pode facilitar a aprovação pelo Cade e contribuir para o crescimento do setor sem prejuízos à concorrência regional.