A montadora japonesa Nissan anunciou nesta quinta-feira (6) que desistiu das negociações para uma fusão com a Honda, encerrando um acordo que poderia ter formado a terceira maior montadora do mundo em volume de vendas.
Segundo informações da Reuters, agora, a empresa busca novos parceiros estratégicos, incluindo empresas de tecnologia e fabricantes de eletrônicos, como a Foxconn, maior montadora de componentes eletrônicos do mundo.
Desde o anúncio da saída das negociações com a Honda, as ações da Nissan registraram uma valorização de mais de 14% na Bolsa de Tóquio, enquanto os papéis da Honda caíram mais de 4%.
Fim das negociações com a Honda
A decisão ocorreu após a Honda sugerir transformar a Nissan em uma subsidiária, proposta que não foi bem recebida pela empresa. Com isso, o CEO da Nissan, Makoto Uchida, comunicou ao presidente da montadora rival, Toshihiro Mibe, que não daria continuidade às tratativas com os termos propostos.
As discussões haviam começado no final de dezembro e buscavam uma resposta às rápidas mudanças na indústria automobilística, especialmente diante da ascensão dos veículos elétricos e da concorrência crescente de fabricantes chineses e da Tesla.
A formalização da saída da Nissan do Memorando de Entendimento (MOU) será realizada em uma reunião do conselho antes da divulgação dos resultados financeiros do terceiro trimestre, na próxima semana.
Com o acordo, Honda e Nissan criariam um dos maiores grupos automotivos do mundo, atrás apenas de Toyota e Volkswagen. Nos últimos meses, as montadoras japonesas têm perdido mercado na China, enfrentando desafios para competir com a BYD, que já superou a Tesla em vendas de carros elétricos no país asiático.
Dívidas da Nissan perto de recorde
Segundo o portal japonês The Japan Times, a Nissan enfrenta um período de alívio temporário em 2025 antes de encarar um volume recorde de vencimentos de dívidas em 2026. A montadora e suas empresas afiliadas têm cerca de US$ 1,6 bilhão em dívidas a vencer neste ano.
No entanto, essa quantia saltará para aproximadamente US$ 5,6 bilhões em 2026, aumentando as preocupações do mercado sobre a capacidade da Nissan de gerar caixa para honrar seus compromissos financeiros e reforçando a necessidade de uma parceria estratégica para aliviar o caixa.
Ascensão da Foxconn na produção de veículos elétricos
A possibilidade de uma parceria com a Foxconn, marcaria uma ascensão significativa nos negócios da empresa taiwanesa responsável pela produção dos iPhones da Apple e que tem investido recentemente na produção de veículos elétricos.
No passado, a Foxconn já tentou negociar uma parceria com a Nissan, mas teve sua proposta rejeitada. O negócio de veículos elétricos da Foxconn é liderado por Jun Seki, ex-executivo sênior da própria Nissan.