O dólar à vista encerrou a sessão desta terça-feira (7), em queda de 0,26%, cotado a R$ 4,8750 – menor valor de fechamento desde 19 de setembro. Este é o quinto pregão consecutivo de baixa da moeda americana no mercado doméstico. No acumulado de novembro, a desvalorização já atinge 3,30%.
Na mínima do dia, a divisa rompeu o nível de R$ 4,86, registrando R$ 4,8593. Este movimento é impulsionado por diversos fatores. Operadores apontam a perspectiva de manutenção do diferencial de juros interno e externo favorável nos próximos meses como um dos principais motores dessa queda. Além disso, o fluxo expressivo de recursos via comércio exterior e o andamento da agenda econômica no Congresso também contribuíram para fortalecer o real.
Impacto de fatores internacionais
Além do cenário nacional, fatores internacionais também têm impactado a cotação do dólar. O alívio nas taxas dos Treasuries nos últimos dias, após dados abaixo do esperado do mercado de trabalho nos EUA na semana passada, reforçaram a aposta de manutenção dos juros pelo Federal Reserve em dezembro.
A perspectiva de que não haverá aceleração do ritmo de queda da taxa Selic também é relevante. A avaliação é a de que a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada hoje pela manhã, trouxe um tom levemente mais duro. No documento, o comitê diz que o ambiente externo se tornou mais desafiador, o que “exige cautela por parte de países emergentes”.
Real e peso mexicano no centro das atenções
O head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, observa que hoje apenas o real e o peso mexicano apresentaram ganhos em relação ao dólar entre as divisas emergentes e de países exportadores de commodities mais relevantes. “Houve um alívio das taxas americanas e aqui parece que vamos ter juro elevado por um bom tempo. Temos taxas reais elevadas e um diferencial de juros ainda muito alto, que estimula a busca por carry trade. É a mesma condição do México”, afirma Weigt, acrescentando que o saldo expressivo da balança comercial garante um fluxo contínuo de dólar e dá mais conforto aos investidores.
Tendências nas taxas de juros americanas
O tesoureiro do Travelex observa que a mudança de nível das taxas longas nos EUA foi bem pronunciada nos últimos dias, tirando pressão sobre as divisas emergentes. O retorno da T-note de 10 anos, que chegou a atingir 5% no fim de outubro, furou no fim da semana passada o piso de 4,60%. As taxas longas americanas recuaram em bloco mais uma vez hoje, com a T-note de 10 anos ao redor de 4,58%, em meio ao tombo das cotações internacionais do petróleo e consequente alívio das pressões inflacionárias.
Postura do banco central e estabilidade do real
Por aqui, em evento pela manhã, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, repetiu que o ritmo de corte da Selic em 0,50 ponto porcentual é, por ora, apropriado, considerando a “visibilidade” para as próximas duas reuniões do Copom. Ele ressaltou que, embora tenha diminuído, o diferencial entre juros interno e externo ainda é alto. O real, disse Campos Neto, tem se destacado como moeda relativamente estável entre emergentes.
Com informações do Broadcast
Imagem: Piqsels