O mercado de carros populares no Brasil em 2025 reflete um cenário de desafios e transformações, com o Fiat Mobi como um dos principais representantes do segmento de entrada. Lançado em 2016, o Mobi consolidou-se como uma opção acessível para mobilidade urbana, mas os reajustes de preço acima da inflação e a concorrência acirrada, especialmente com o Renault Kwid, tornam a escolha de um veículo econômico cada vez mais complexa. Com preços que superam R$ 80 mil na versão de entrada, o Mobi enfrenta pressões de custo, normas ambientais e expectativas por mais tecnologia, enquanto o consumidor brasileiro lida com a redução do poder de compra. Este texto analisa o papel do Mobi, compara-o com o Kwid, avalia o impacto da inflação e projeta o futuro do segmento popular.
O Fiat Mobi mantém sua relevância pela proposta compacta e econômica, mas perdeu o título de carro mais barato para o Renault Kwid, que oferece preços a partir de R$ 76.090. Apesar disso, o Mobi segue como referência pela tradição da Fiat, rede de concessionárias ampla e atualizações como o motor 1.0 Firefly. A seguir, detalhamos por que o Mobi é competitivo, como os preços evoluíram, sua comparação com o Kwid e o que esperar do mercado de carros populares.
Por que o Fiat Mobi é um dos carros mais baratos do Brasil?

O Fiat Mobi destaca-se no segmento popular por sua simplicidade, economia e adaptação ao uso urbano. Com dimensões compactas (3,59 m de comprimento, 1,49 m de altura, 2,30 m de entre-eixos), é ideal para cidades como São Paulo e Recife, onde o trânsito exige agilidade e facilidade de estacionamento. A versão Like (R$ 80.990) oferece itens essenciais:
- Direção elétrica, ar-condicionado manual, vidros elétricos dianteiros, travas elétricas.
- Computador de bordo, volante ajustável em altura, rodas de aço 14” com calotas.
- Motor 1.0 Firefly flex (75 cv, 10,7 kgfm), câmbio manual de 5 marchas, consumo de 13,5 km/l (cidade, gasolina) e 15 km/l (estrada, gasolina) (Inmetro).
A versão Trekking (R$ 82.990) adiciona visual aventureiro, central multimídia de 7” com Android Auto/Apple CarPlay, comandos no volante e rack de teto. O Mobi tem manutenção acessível, com revisões custando em média R$ 600 (10.000 km) e IPVA reduzido (ex.: R$ 1.628,45 na Bahia para 2025, 2,5%). Sua proposta foca em baixo custo de uso, com peças amplamente disponíveis e consumo competitivo, atraindo motoristas de aplicativos e primeiros compradores.
Como os reajustes de preço impactam o consumidor?
Os reajustes de preço do Fiat Mobi superaram a inflação e afetam diretamente o acesso a carros zero-quilômetro. Em março de 2025, a Fiat aplicou aumento de R$ 1.000, elevando a versão Like de R$ 76.990 para R$ 80.990 e a Trekking de R$ 79.990 para R$ 82.990. Esses valores refletem:
- Adequação ao Proconve L8: Normas ambientais exigiram o motor Firefly (3 cilindros, menos poluente), elevando custos de produção.
- Alta de insumos: Aço, chips e logística encareceram a fabricação, com impostos de até 40% sobre o valor final.
- Inflação acumulada: Entre 2016 e 2025, a inflação foi de 58,22% (IPCA), mas o Mobi subiu 126,23%, de R$ 31.900 (Easy, 2016) para R$ 80.990 (Like, 2025).
Em 2016, eram necessários 40,7 salários mínimos (R$ 880) para comprar um Mobi Easy On (R$ 35.800). Em 2025, com o salário mínimo de R$ 1.518, são precisos 53,4 salários para a versão Like, evidenciando a perda de acessibilidade. Consumidores em cidades como Curitiba e Salvador relatam dificuldade em financiar, com taxas de juros de 1,39% a.m. (ex.: Mobi financiado com 57,67% de entrada e 60 parcelas de R$ 899). Posts em redes sociais expressam frustração com preços, como “Mobi a R$ 80 mil é surreal” (X, 2025).
Como o Fiat Mobi se compara ao Renault Kwid?
O Renault Kwid é o principal rival do Mobi, liderando como o carro mais barato do Brasil em 2025, com preços a partir de R$ 76.090 (Zen). Abaixo, uma comparação detalhada:
Característica | Fiat Mobi Like (R$ 80.990) | Renault Kwid Zen (R$ 76.090) |
---|---|---|
Motor | 1.0 Firefly, 75 cv, 10,7 kgfm | 1.0 SCe, 71 cv, 10 kgfm |
Consumo (gasolina) | 13,5 km/l (cidade), 15 km/l (estrada) | 15,3 km/l (cidade), 15,7 km/l (estrada) |
Porta-malas | 215 L | 290 L |
Equipamentos | Direção elétrica, ar-condicionado, vidros/travas elétricas, computador de bordo | Direção elétrica, ar-condicionado, 4 airbags, ESP, assistente de rampa, multimídia 8” (opcional) |
Dimensões | 3,59 m (C), 1,49 m (A), 2,30 m (EE) | 3,68 m (C), 1,48 m (A), 2,42 m (EE) |
Garantia | 3 anos | 3 anos ou 100.000 km |
- Vantagens do Mobi: Motor Firefly mais moderno, torque superior (10,7 kgfm vs. 10 kgfm), acabamento interno ligeiramente melhor. A versão Trekking oferece multimídia e visual aventureiro, atraindo quem busca estilo.
- Vantagens do Kwid: Preço até R$ 4.900 menor, consumo líder (1,40 MJ/km, Inmetro), maior porta-malas, e segurança superior com 4 airbags (Mobi tem 2). O Kwid também deprecia menos, com 10% a menos no primeiro ano (KBB Brasil).
- Desvantagens: O Mobi tem espaço interno reduzido (banco traseiro apertado) e menos itens de segurança. O Kwid sofre com vibrações do motor 1.0 SCe e acabamento simplificado.
O Kwid é mais vantajoso para quem prioriza economia inicial e segurança, enquanto o Mobi atrai pela confiabilidade da Fiat e opções mais equipadas (Trekking). Em 2024, o Mobi liderou vendas no segmento com 70 mil emplacamentos, contra 50 mil do Kwid, mas perdeu o título de mais barato em 2025.
Qual foi a evolução dos preços do Fiat Mobi?
Desde o lançamento em abril de 2016, o Mobi teve aumentos significativos:
- 2016: Easy (R$ 31.900), Easy On (R$ 35.800 com ar e direção hidráulica).
- 2021: Like (R$ 49.990), já com motor Fire 1.0.
- 2025: Like (R$ 80.990), Trekking (R$ 82.990), com motor Firefly.
Corrigindo o preço de R$ 35.800 (Easy On, 2016) pela inflação de 58,22% (IPCA, 2016-2025), o valor esperado seria R$ 56.642. O preço atual de R$ 80.990 representa um aumento real de 43%, impulsionado por:
- Melhorias: Motor Firefly (Proconve L8), direção elétrica, itens de segurança (ESP, airbags).
- Custos: Impostos (40%), insumos importados, e logística.
- Demanda: Apesar da alta, o Mobi mantém vendas robustas, permitindo margens maiores.
A relação com o salário mínimo piorou: de 40,7 salários (2016) para 53,4 salários (2025), dificultando a compra para trabalhadores de baixa renda. Em redes sociais, consumidores criticam: “R$ 70 mil num Mobi em 2024 era absurdo, agora R$ 80 mil?”
Como a inflação e outros fatores afetam o segmento popular?
A inflação (IPCA de 4,5% em 2024) não explica sozinha os aumentos no segmento popular. Outros fatores incluem:
- Normas ambientais (Proconve L8): Exigem motores menos poluentes, como o Firefly, elevando custos.
- Impostos: Até 40% do preço final, incluindo IPI, ICMS e PIS/Cofins.
- Concorrência chinesa: Marcas como BYD e Caoa Chery (iCar a R$ 79.990) pressionam preços, mas focam em elétricos, menos acessíveis.
- Queda no poder de compra: O salário mínimo de R$ 1.518 cobre apenas 30% de um Mobi financiado, com parcelas de R$ 1.308 (Kwid, 48 meses).
Em 2025, apenas 12 modelos custam menos de R$ 80 mil, com Mobi e Kwid liderando. O programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação) oferece incentivos fiscais, mas não impactou significativamente os preços de hatches populares. A chegada de elétricos como o Kwid E-Tech (R$ 99.990) amplia opções, mas está fora do alcance da maioria.