O corredor de congelados dos supermercados brasileiros está passando por uma transformação verde. Onde antes havia apenas uma ou duas marcas especializadas, hoje existe uma prateleira inteira dedicada a hambúrgueres, “carnes” moídas e “nuggets” de origem 100% vegetal. O crescimento do público vegano, vegetariano e flexitariano despertou o interesse das grandes redes, que lançaram suas próprias marcas próprias para competir nesse mercado promissor.
Essa nova concorrência traz uma grande vantagem para o consumidor, mas também uma dúvida: será que a versão mais barata da marca do supermercado entrega a mesma qualidade e sabor que os produtos das marcas especializadas e mais caras? Para descobrir, colocamos lado a lado os principais produtos do mundo vegano em um teste cego de sabor e textura.
Por que o corredor de congelados veganos está em plena expansão?

O aumento da conscientização sobre os impactos ambientais e de saúde do consumo de carne, somado à busca por novas opções de alimentação, fez com que o mercado à base de plantas explodisse no Brasil. Não são apenas os veganos e vegetarianos que consomem esses produtos; os flexitarianos — pessoas que buscam reduzir o consumo de carne — representam a maior fatia desse novo público.
De olho nesse movimento, as grandes redes de supermercado viram uma oportunidade de ouro. Ao criar suas próprias linhas de marca própria, elas conseguem oferecer produtos veganos a um preço mais competitivo, atraindo um consumidor que talvez hesitasse em pagar mais caro por um produto de uma marca especializada que ele ainda não conhecia.
Qual a diferença de preço entre a marca própria e a especializada?
A diferença de preço é o principal atrativo das marcas próprias e é bastante significativa. Um pacote com dois hambúrgueres veganos de uma marca famosa, conhecida por sua tecnologia que “imita” a carne, custa em média R$ 25. A versão de marca própria do supermercado, com o mesmo peso, é encontrada por cerca de R$ 17.
Essa economia de mais de 30% se repete em outros produtos, como a “carne” moída e os “nuggets” vegetais. Para quem consome esses itens com frequência, a troca pela marca própria pode representar uma redução considerável nos gastos mensais com supermercado.
Os ingredientes e a tecnologia por trás do sabor são os mesmos?
Geralmente, não, e aqui está o segredo da diferença de preço. As marcas especializadas investem pesadamente em pesquisa e desenvolvimento para criar produtos que simulem a textura, o sabor e até a “suculência” da carne animal. Elas usam ingredientes mais caros e tecnologias avançadas, como a proteína de ervilha texturizada e o uso de suco de beterraba para criar um efeito “sangrento”.
As marcas próprias, por outro lado, muitas vezes utilizam bases mais tradicionais e de menor custo, como a proteína de soja texturizada ou um “blend” de legumes e grãos. O resultado é um produto diferente, que não necessariamente busca imitar a carne de forma idêntica, mas sim oferecer um hambúrguer vegetal saboroso por si só.
Em um teste cego, a versão mais cara convence mais?
Colocamos os produtos lado a lado, preparados da mesma forma, e o resultado foi surpreendente, mostrando que a preferência depende muito do que o consumidor está buscando.
O teste cego prova que, embora a tecnologia das marcas especializadas seja impressionante, o sabor agradável e o custo-benefício das marcas próprias as tornam competidoras de peso.
A prova do hambúrguer “que sangra”
As marcas especializadas ganham no quesito “semelhança com a carne”. A textura e a suculência são, de fato, mais próximas de um hambúrguer tradicional. No entanto, vários provadores preferiram o sabor do hambúrguer de marca própria, descrevendo-o como “menos artificial” e “mais sabor de comida de verdade”.
O teste da “carne” moída vegetal
Nesta categoria, a marca própria teve um excelente desempenho. Quando usada para fazer um molho à bolonhesa, a diferença entre as duas versões se tornou quase imperceptível. Considerando a grande economia, a marca própria se mostrou a escolha mais lógica para o uso em receitas.
O duelo dos “nuggets” de plantas
Aqui a disputa foi a mais equilibrada. Ambos os produtos, de marca especializada e de marca própria, apresentaram boa crocância e sabor, sendo muito bem aceitos. O veredito foi um empate técnico, com uma clara vantagem de preço para a marca própria.
O que procurar no rótulo de um bom produto à base de plantas?
Mais importante que a marca, é ler a lista de ingredientes para saber o que você está comendo. Verifique qual é a base de proteína do produto (soja, ervilha, grão de bico, cogumelos). Fique atento também à quantidade de sódio, que costuma ser elevada nesses produtos.
Se você busca uma opção menos processada, prefira os hambúrgueres cuja lista de ingredientes é mais curta e baseada em vegetais e grãos que você reconhece. Se o seu objetivo é um sabor que imite a carne, as opções com mais tecnologia podem agradar mais.
Vale a pena explorar as opções veganas da marca do seu supermercado?
Sem dúvida alguma. A chegada das marcas próprias ao universo vegano foi a melhor coisa que poderia ter acontecido para o consumidor. Ela tornou os produtos à base de plantas mais acessíveis, forçando a concorrência e aumentando a variedade nas gôndolas.
Para quem é vegano ou vegetariano, é uma chance de encontrar novos produtos básicos por um preço mais justo. Para os flexitarianos e curiosos, é a oportunidade perfeita para experimentar e reduzir o consumo de carne sem precisar fazer um grande investimento. Dê uma chance à marca da casa; você pode encontrar seu novo hambúrguer favorito.