O dólar fechou esta quarta-feira (18) em leve alta de 0,07% frente ao real, a R$ 5,50. A moeda norte-americana operou com oscilações modestas ao longo do dia, refletindo a cautela dos investidores diante das decisões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil.
Como esperado, o Federal Reserve (Fed) manteve sua taxa básica de juros entre 4,25% e 4,50% ao ano. O comunicado divulgado após a decisão indicou uma leve redução nas projeções de crescimento econômico e aumento nas estimativas de inflação para 2024 e 2025.
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Entre os 19 dirigentes do Fed, oito projetam que os juros terminarão 2025 na faixa entre 3,75% e 4% ao ano — ou seja, 50 pontos-base abaixo do nível atual. Essa estimativa é compatível com a precificação observada na curva de juros americana.
Apesar da valorização pontual, o dólar acumula queda de 3,82% em junho e recua 10,99% no ano frente ao real. O movimento recente de apreciação da moeda brasileira, segundo operadores, motivou uma pausa nas apostas mais agressivas do mercado.
Powell alerta para efeitos do tarifaço
Após a decisão, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que os impactos do aumento de tarifas adotado pelo governo Trump já estão sendo percebidos nos preços e podem se intensificar. Esse cenário aumenta a incerteza sobre os próximos passos da política monetária.
Powell destacou que o Fed aguarda mais dados antes de reduzir os juros, citando especificamente os efeitos das medidas comerciais. As declarações impulsionaram o índice DXY — que mede o desempenho do dólar frente a outras moedas fortes — e deram sustentação à moeda americana no mercado global.
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Em entrevista ao Estadão Broadcast, Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, o destaque dado por Powell aos impactos das tarifas reforça uma postura mais conservadora do Fed, o que pode adiar os cortes de juros.
“Isso pode gerar pressão de curto prazo no câmbio, mas a Selic elevada ainda atrai fluxo especulativo”, afirma.
Selic pode continuar alta e atrair capital
No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) anuncia sua decisão ainda nesta quarta-feira. De 48 instituições consultadas pela Projeções Broadcast, 27 esperam manutenção da taxa básica de juros em 14,75% ao ano, enquanto 21 preveem alta de 0,25 ponto percentual, para 15%.
Independentemente da decisão, a expectativa de uma Selic elevada por mais tempo tende a conter pressões de alta sobre o dólar. Juros altos no Brasil atraem capital estrangeiro por meio do carry trade — estratégia em que investidores se aproveitam da diferença entre as taxas de juros de dois países para obter lucro com a variação cambial.